A disputa por um teto na Zona Portuária do Rio

Wilson das Neves, catador; Mieck Alan Kardec Golfer, camelô; Edídimo Alves da Silva, desempregado. Três entre dezenas de sem-teto, sem carreira e documento que o estado desconhece. Moradores de uma das maiores áreas invadidas da Zona Portuária do Rio, na Rua Equador, eles temem a polícia, que contam tratá-los com violência e arbitrariedade. Temem também a concorrência de novos invasores. O número de sem-teto disputando armazéns, prédios e terrenos abandonados ou sob litígio ali aumenta sem parar, observam seus ocupantes. Prefeitura e Ministério das Cidades, capitães do plano de ressurreição da região, reconhecem não ter números precisos. O prefeito Cesar Maia, porém, classifica o problema como grave e crescente e diz que busca conhecer os invasores.

Das áreas invadidas por famílias, a maior parte pertence à Companhia Docas e à Rede Ferroviária Federal (RFFSA). Num levantamento da Secretaria de Patrimônio da União (SPU), apurou-se que 19% dos imóveis da União na Zona Portuária são ocupados irregularmente. Destacam-se galpões em que vivem funcionários públicos, ex-funcionários e agregados, áreas comerciais sem contrato e barracões da maioria das escolas de samba.

Dos 76 galpões da Docas, 24 estão invadidos

Segundo a Companhia Docas, dos 76 galpões seus destinados à revitalização da região, 24 estão invadidos. “Todas as escolas do Grupo Especial”, diz a empresa, “estão irregulares”. Já a Advocacia Geral da União fala em 111.708 metros quadrados de invasões de imóveis da RFFSA na Praia Formosa, perto da Rodoviária Novo Rio. Pelo menos 17 escolas de samba dos grupos de acesso estão lá sem contrato. Contra duas, Vizinha Faladeira e União Parque Curicica, há ações de reintegração de posse.

Mas essa é a face menos tocante do problema, que ganha dimensões humanas quando se conhecem famílias invasoras. A maioria, como O GLOBO constatou em visita às áreas ocupadas, não tem documentos nem integra programas sociais. Como o desempregado Edídimo. Nasceu há duas semanas, num dos prédios do Banco do Brasil invadidos na Rua Equador, sua filha mais nova. A mulher, Ana Paula Bahia, convalesce. Eles não têm o que comer. Mineiros de Teófilo Otoni, vieram, como tantos, em busca de emprego:

– Paguei R$ 200, há um mês e meio, e vim para cá. Quando chove alaga. Só tem rato, pulga, sujeira, nenhuma dignidade. Não temos atenção de ninguém, não damos voto, não somos nada. Perdi a esperança de conseguir uma casa – diz ele.

Num andar acima vive há alguns meses o casal Malu Vieira e Wilson das Neves. Ela cuida da casa, ele ganha a vida catando papelão, lata e vidro. O casal tem TV. Quando assistem aos anúncios de automóveis, eletrodomésticos e outros bens, os dois dizem sentir raiva.

– Só quem vem aqui para saber quem somos é a polícia, truculenta, violenta. Nós somos o lado que a cidade quer esquecer – diz Wilson.

Em outra parte do conjunto do BB invadido, o ambulante Mieck Alan Kardec, “filho do lutador de telecatch Asa Branca”, divide com a mulher e cinco famílias um galpão mal iluminado. Líder dos invasores, luta para ficar:

– Muitos continuam chegando. Mas alguns de nós estamos aqui há seis, sete anos. Queremos a propriedade por usucapião – afirma.

Outra área invadida, um terreno vizinho a um prédio da Caixa incendiado há alguns anos, e o mesmo discurso. As dez famílias que invadiram e constroem barracos a toque de caixa numa área suja, cheia de lixo e sem banheiros organizam-se para não ir para a rua.

Riotur negocia a permanência das escolas

Elas têm chances. A Caixa diz que sequer é sua a área. Sabe apenas que é da União, mas não há disputa judicial, o que abre caminho para o processo de apropriação por usucapião. O BB, dono dos prédios da Equador, tampouco luta na Justiça contra os invasores. E não o fará, diz sua assessoria de imprensa, até a situação das penhoras que pesam sobre o conjunto ser resolvida.

Já Docas e RFFSA querem reaver suas áreas. Um grupo de

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Fonte: O Globo

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