O governo quer reativar os trens regionais de passageiros no país. Até o fim deste ano, o estudo de viabilidade econômico-financeira da retomada estará pronto e serão escolhidas 15 ligações ferroviárias, com distância de no máximo 200 quilômetros entre as cidades atendidas.
A licitação para operação dos trens de passageiros basicamente pela iniciativa privada deverá estar concluída até junho de 2007. Para iniciar o programa, o BNDES investirá R$ 1 bilhão nos 15 trechos, financiando até 70% dos projetos para melhoria das linhas, das estações e dos acessos. No entanto, o governo garante que não haverá limite de recursos para reativação do transporte ferroviário.
— A população ganha mais uma opção de transporte que não tem algumas restrições, como, o engarrafamento nas saídas das cidades. E tem a opção de ter um transporte eficiente, confortável e extremamente seguro — afirmou o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Oliveira Passos.
Em paralelo, instalação de indústria para exportação
Dos 64 trechos selecionados preliminarmente, o governo escolheu 25 ligações. Entre elas, três estão no Estado do Rio: Campos-Macaé; Volta Redonda-Barra Mansa-Resende-Itatiaia; e Niterói-Itaboraí. Do total, 15 terão caráter de projeto-piloto. Um dos critérios para escolher os trechos é o fato de eles terem alta ociosidade no transporte de carga.
Ao mesmo tempo, a intenção do governo é instalar e desenvolver no país uma indústria de material e equipamentos ferroviários, permitindo, numa segunda fase, a exportação desses itens para a América Latina.
— A idéia do trem regional tinha sido praticamente abandonada. Com as concessões, os ramais que não interessavam do ponto de vista de carga foram desativados e alguns perderam trilhos e dormentes — disse o secretário de Política Nacional de Transportes, do Ministério dos Transportes, José Augusto Valente.
Os novos trens terão velocidade média de 100 quilômetros por hora e serão flexfuel, podendo usar diesel, gás natural (GNV) ou biodiesel. Além disso, a qualidade será semelhante à do metrô, no caso do trem que rodar nas regiões metropolitanas. A capacidade será de seis passageiros por metro quadrado. Para os trens que percorrerem maiores distâncias, cada vagão terá capacidade para até 60 passageiros, com poltronas iguais às dos aviões.
Haverá nos trens dois carros-motor, como no metrô, e no máximo 12 carros-reboque. Os trens poderão levar cargas de alto valor agregado, como cartas, eletrônicos e produtos destinados aos aeroportos. A indústria já trabalha para atender a essas condições de velocidade e segurança, diz o diretor de Relações Institucionais do Ministério, Afonso Carneiro.
A idéia do governo é que o trem regional concorra com ônibus e automóveis. Não será concorrente da aviação por ser de curta distância. A exploração comercial dos trens de passageiros poderá ser feita por meio de concessão, Parceria Público-Privada (PPP) ou consórcios União-estados-municípios.
Conheça alguns trechos
Vitória-Cachoeiro do Itapemirim (ES)
Campos-Macaé (RJ)
Volta Redonda-Barra Mansa -Resende-Itatiaia (RJ)
Niterói-Itaboraí (RJ)
Belo Horizonte-Ouro Preto-Mariana-Acaiaca-Ponte Nova-Teixeiras-Viçosa (MG)
Cruzeiro (SP)-Passa Quatro-Itanhandu-São Sebastião do Rio Verde-São Lourenço-Soledade de Minas-Conceição do Rio Verde-Três Corações-Varginha (MG)
São Paulo-Osasco-São Roque-Mairinque-Sorocaba-Iperó-Tatuí-Itapetinga (SP)
Campinas-Sumaré-Americana-Limeira-Cordeirópolis-Santa Gertrudes-Rio Claro-Itirapina-São Carlos-Ibaté-Araraquara (SP)
Itajaí-Blumenau-Rio do Sul (SC)
Joinville-Guaramirim-Jaraguá do Sul-Corupá-Rio Negrinha-Mafra (SC)
Investimentos na área de cargas entre prioridades
O governo fará o lançamento do início das obras da Ferrovia Norte-sul — um dos mais importantes projetos de escoamento de carga do país — até o fim
Seja o primeiro a comentar