O reaquecimento da economia mundial levou a Companhia Vale do Rio Doce a refazer seu plano diretor de engenharia de portos e ferrovias lançado em 1994. Essa é a segunda revisão feita pela mineradora. A última foi em 1999 e incluía investimentos até 2010.
“Demos um salto tão grande em dez anos que já estamos fazendo outro plano para dar um novo salto”, afirmou o diretor-executivo de Logística da empresa, Guilherme Laager. “O importante é que não se faz porto ou ferrovia para crescer 1%. É para crescer 40% a 50%.” O executivo deu algumas pistas sobre o novo plano. Segundo ele, os estudos incluem a ampliação no Porto de Tubarão, em Vitória, a construção de pátios de manobras e a inauguração de silos. Segundo ele, para investir em infra-estrutura é preciso ter um bom planejamento para não perder o ‘timing” do crescimento econômico. “Imagina se eu faço um porto de 30 (capacidade para 30 milhões de toneladas) passar para 50 (milhões de toneladas) e o Brasil mica daqui a três anos, quando o porto tiver pronto. O que eu faço com ele? Não faço campo de futebol, não faço hospital.”, destacou.
Este ano, a Vale do Rio Doce vai investir US$ 760 milhões em logística. Laager identifica que os principais gargalos em infra-estrutura estão na região Sul, que concentra um número maior de pólos industriais. A demanda por minério de ferro cresceu muito nos últimos anos, impulsionada pelo incremento da economia chinesa. “No Sul, estamos revendo tudo porque não tem espaço. O que foi planejado para soja e minério está ocupando 100% da capacidade dos portos e ferrovias”, afirmou.
A situação no Norte é mais confortável. Mesmo assim, a Vale tem planos de ampliar a capacidade da ferrovia de Carajás de 100 milhões para 150 milhões de toneladas. Ele lembra que o frete pago por um carregamento exportado pelo Porto de Itaqui, no Maranhão, é de US$ 4 a US$ 5 mais barato por tonelada do que o do Porto de Santos. “Carajás vai ser o grande corredor do Brasil (.) De 2004 para 2005, a gente vai dobrar o volume de carga transportada pela ferrovia”, afirmou. Atualmente, os gargalos em infra-estrutura no País são entraves ao crescimento da empresa.
PPP – A Vale apresentou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva um estudo que aponta 17 projetos prioritários na área de logística, orçados juntos em US$ 4 bilhões e que poderiam elevar as exportações em US$ 28 bilhões.
Segundo ele, a maioria desses projetos deveria ser feita pelo sistema de
Parceira Público-Privada (PPP). “Estou preocupado com esses gargalos que ninguém resolve. O Porto de Santos, por exemplo. Você (o trem) desce a 50 km por hora, pára e vai a 6 km por hora. Eu que faço cooper chego antes da locomotiva”, brincou. “O mais importante são esses projetos estruturais que o governo tem de fazer.”
Entre os 17 projetos prioritários apresentados ao governo está a ligação de Ibiá a Sete Lagoas em Minas Gerais. Segundo a empresa, esse é o principal gargalo ao crescimento das exportações de produtos agrícolas e químicos nos Estados de Goiás, Minas Gerais e Espírito Santo. A criação de uma rota alternativa para interligação ferroviária entre as regiões Sudeste e Nordeste poderia viabilizar um incremento na balança comercial de aproximadamente US$ 6 bilhões. Além disso, o estudo da mineradora aponta que o tempo de viagem irá baixar de 11 dias para 7 dias com o novo trajeto.
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