O secretário de Transportes, Julio Lopes, reuniu-se, na última segunda-feira (5/5), com o vice-presidente do Instituto de Desenvolvimento de Minas Gerais (Indi), Eduardo Bernis, e o empresário Rui Barreto, para tratar da ligação ferroviária entre o sul de Minas Gerais e o Porto do Rio de Janeiro. O objetivo é facilitar o escoamento de produtos de uma vasta região de Minas e atrair cargas importantes para o Rio, amenizando a deficiência logística hoje existente e que atrapalha o desenvolvimento econômico dos dois estados.
Segundo a proposta trazida ao Rio pelos dois empresários, a malha ferroviária da região, com bitola de um metro, seria ampliada com a construção de seis trechos ferroviários, que irão se interligar e se complementar, dando origem a uma nova ferrovia no centro produtivo do país. No Rio de Janeiro, está previsto o Trecho 1 (Getulândia-Japeri-Itaguaí), com 98 quilômetros.
Eduardo Bernis explicou ao secretário Julio Lopes que a nova ferrovia terá 98 quilômetros, sendo o primeiro trecho, de Getulândia a Barra do Piraí, com 20 quilômetros e o de Barra do Piraí a Japeri com 42 quilômetros. O segundo trecho entre Japeri e Itaguaí terá 36 quilômetros.
Segundo o vice-presidente do Instituto, os estudos realizados apontam que há um potencial de carga da ordem de 30 milhões de toneladas/ano, que incluem soja, milho, farelo, café, calcário, álcool, carne, trigo, fertilizante e contêineres.
– A ferrovia atual, cuja concessão pertence à FCA (Ferrovia Centro-Atlântica), não tem ligação com o Porto do Rio, nem com o Porto de Itaguaí. Ela se liga apenas ao porto de Angra dos Reis, que é bastante limitado pelo trecho de serra e não permite o transporte de grandes quantidades de carga. Essa situação dificulta e, às vezes impede, a atração de cargas importantes para o Rio. Tanto que a produção é escoada pelos portos de Santos, Vitória e, inclusive, Paranaguá, pressionando ainda mais os portos que já estão saturados – explicou Bernis.
Julio Lopes considerou interessante a proposta e ressaltou que pela primeira vez há a possibilidade concreta de fazer a ligação entre o Porto do Rio e o centro produtivo do país. Segundo estudos recentes, envolvendo a integração física e econômica de Goiás, Minas e Espírito Santo, e abrangendo parte do Mato Grosso, São Paulo e Rio, existe atualmente uma vasta área com grande produção e perspectivas de grande crescimento – formada pelo sul-sudeste do Mato Grosso, todo o estado de Goiás, sul-sudoeste de Minas – mas que não possui acesso à rede ferroviária ou é atendida por ferrovia deficiente, sem ter opção portuária adequada.
– Diante disso nós precisamos urgentemente de uma solução logística competitiva. O Porto de Itaguaí e o Porto do Rio são a solução. O primeiro tem profundidade para receber os novos navios Post Panamax, de grande tonelagem, além de possuir uma enorme retro-área. Já o segundo, tem capacidade de ampliação e de operação para cargas de valor agregado maior. Ambos têm uma zona de influência responsável por cerca de 67% do PIB, faltando apenas ligá-los à ferrovia de bitola estreita da FCA – considerou o secretário.
O secretário de Transportes disse que a proposta será encaminhada à sua equipe para a criação de um protocolo de intenções e de cooperação entre os dois estados. Isto irá referendar que Minas e Rio desenvolverão o projeto juntos, além de ajudá-los junto à iniciativa privada.
– Rio e Minas irão resolver um problema nacional. Há demanda e vontade política para que essa ligação ferroviária saia do papel. Vamos reduzir custos, uma vez que o modal rodoviário custa caro, congestiona as rodovias e os portos, além de consumir mais combustível e, por conseqüência, poluir o ar. Vai ser ótimo para os dois estados – concluiu.
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