Investimento em metrô, trem e em corredores de ônibus. Essa deve ser a tônica dos discursos dos principais candidatos à Prefeitura de São Paulo e é a solução recomendada por especialistas em transporte para atenuar o problema do trânsito na cidade. Projetos mirabolantes e obras faraônicas estão longe de resolver os problemas da cidade e não convencem mais o eleitor, segundo técnicos que ajudarão a elaborar os programas dos partidos. Ampliação do rodízio, pedágio urbano e restrição da circulação de caminhões, consideradas como medidas de alto custo político, também deverão ser evitados pelos postulantes.
Reunidos ontem em um hotel de São Paulo, representantes dos governos municipal e estadual, dirigentes sindicais e técnicos da área de trânsito e transporte debateram os problemas de mobilidade que afetam a capital paulista num fórum promovido pelo Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros por Fretamento para Turismo.
Para eles, Marta Suplicy (PT), Geraldo Alckmin (PSDB) e Gilberto Kassab (DEM) devem convergir em suas propostas. Os especialistas chegam a estimar que 80% das propostas serão parecidas. Eles devem se diferenciar na ênfase que darão os investimentos no metrô e na ampliação dos corredores de ônibus, pilares das campanhas.
Segundo o presidente da Associação Nacional de Transporte Público, Ailton Brasiliense, pode haver disputa entre o governo municipal e o estadual, que injeta a maior parcela dos recursos nas obras do metrô e dos trens. Todos devem defender mais recursos para o metrô. Precisa ver no pós eleitoral, se o candidato que vencer vai querer realmente dividir a conta com o governo do Estado, lembrou. Marta, comentou, terá apoio do governo federal e dirá que a União investiu no metrô e no Expresso Tiradentes. Kassab e Alckmin usarão a parceria com o governo estadual como trunfo.
A ampliação dos corredores de ônibus foi defendida quase em consenso pelos especialistas, que ressaltaram que a alternativa não pode ser extensiva a táxis, como acontece hoje. Para Brasiliense, deve ser a opção mais defendida por Marta, que reformulou o sistema de transporte com os corredores em sua gestão. Entretanto, essa opção política pode trazer prejuízos na campanha eleitoral aos candidatos que a defenderem. Na análise de Brasiliense, a retirada de uma faixa dos carros para a construção de uma de ônibus pode ser alvo de críticas da classe média.
Durante a discussão, o pedágio urbano foi um dos temas mais lembrados pelos especialistas. Defendido amplamente pelo arquiteto e urbanista Cândido Malta, o pedágio seria uma forma de financiar os investimentos em metrô. Segundo a proposta do urbanista, o custo por carro, diariamente, seria de US$ 2 para circular pelo centro expandido. Isso pode gerar aos cofres públicos US$ 8 milhões por dia. Em um ano, seriam US$ 1,6 bilhões para a cidade aplicar em transporte coletivo. Esse investimento daria oportunidade às pessoas para que usem menos os carros, acredita. É a equação salvadora de São Paulo, empolga-se.
O tema, entretanto, deverá passar ao largo dos discursos dos candidatos, pelo grande rejeição da população. O próprio Malta reconhece: Os políticos têm muito medo de perder voto e o pedágio é polêmico para quem vai pagar, a classe média, com grande influência na mídia, diz o ex-secretário municipal de planejamento e técnico com ampla circulação nos governos municipal, de Kassab, e estadual, de José Serra (PSDB).
Em consenso, os especialistas afirmaram que é preciso aproveitar melhor as principais vias da cidade, sem construir grandes obras. Malta é pessimista em relação ao Rodoanel, vitrine da gestão de Alckmin no governo do Estado. Para ele, a obra, que teve vultosos investimentos, terá um período curto de eficiência – seis meses. A frota de carros não pára de crescer e logo não resolverá mais. Não melhora o sistema viário, diz.
O professor Marcos Cintra, da FGV, reforçou as críticas às constru
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