A produção agrícola na área de influência da Ferrovia Norte-Sul, que liga Anápolis, em Goiás, ao porto de Itaqui, no Maranhão, poderá aumentar até 15% ao ano até 2022, de acordo com cálculos da Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (Fiema).
Segundo Marco Antônio Moura, coordenador do Plano Estratégico do Desenvolvimento Industrial do Maranhão elaborado pela Fiema, a expectativa é que o avanço das obras da ferrovia e a instalação da esmagadora de soja da ABC Inco em Porto Franco (MA) atraiam, além de outras processadoras, também indústrias de ração, criação de aves e suínos, frigoríficos, abatedouros e outras indústrias ligadas à agropecuária. O porto de Itaqui já está se preparando para o transporte de contêineres refrigerados, diz.
A esmagadora, com capacidade projetada para processar 500 mil toneladas de soja por ano, é resultado de um aporte de R$ 200 milhões da ABC Inco (controlada pelo grupo Algar) em 2005. À época do investimento, a empresa relatou ao Valor que quase metade dos recursos seriam destinados ao financiamento dos produtores maranhenses.
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
- SP nos Trilhos: os projetos ferroviários na carteira do estado
Conforme Wagner Colombine, da Logit Consultoria, encarregada do estudo que resultou na projeção para a produção até 2022, a expansão da fronteira agrícola na região também se dará com milho e cana-de-açúcar.
Segundo Colombine, a produção de soja nos arredores desse corredor pode passar de 15 milhões de toneladas, em 2004, para 62 milhões em 2022. Para farelo e óleo de soja, os volumes podem atingir, em 2022, 18 milhões de toneladas e 4,4 milhões de toneladas, respectivamente. Em 2004, a produção de farelo na área de influência da Ferrovia Norte-Sul foi estimada em 6,2 milhões de toneladas, ao passo que a de óleo de soja teria alcançado 1,4 milhão de toneladas.
A chamada área de influência da ferrovia Norte-Sul envolve os Estados de Tocantins, Maranhão e Goiás, mas também engloba regiões produtoras do Paraná, Mato Grosso, Bahia e Piauí.
Segundo Colombine, a produção de açúcar e álcool nesta área também poderá decolar. Ele aponta crescimento para 13 milhões de toneladas de açúcar em 2022 (partindo dos atuais 2,8 milhões de toneladas) e alta de 7 bilhões de litros de álcool, para 8 bilhões de litros no mesmo ano.
Segundo Vitor Bellia, assessor da presidência da Valec, empresa que ganhou a licitação para a construção de 418 quilômetros de trilhos da ferrovia, a importância da Norte-Sul se deve à integração que proporcionará entre a Bacia Amazônica e o sistema ferroviário das regiões Sul e Sudeste. Ela acaba se tornando uma alternativa à cabotagem e ao transporte rodoviário pela Belém-Brasília, afirma Bellia.
Segundo ele, a Valec deve inaugurar em junho o trecho Darcinópolis (TO) a Babaçulândia (TO). Os trilhos estão prontos para o tráfego no trecho de Açailândia (MA) a Darcinópolis. Outros trechos da ferrovia, projetada em 1.550 quilômetros, estão em processo de licitação ou concessão.
Fonte: Valor Econômico – Conrado Loiola
Seja o primeiro a comentar