Concluída no fim de maio, a oferta pública primária de ações da Randon Implementos e Participações garantiu a cobertura de dois terços do plano de investimentos de 2006 do conglomerado de oito empresas dos setores de implementos rodoviários e ferroviários, veículos fora de estrada, autopeças e serviços com sede em Caxias do Sul (RS). A emissão rendeu R$ 99 milhões para a companhia, enquanto os aportes programados para o ano chegam a R$ 150 milhões, 50% acima do realizado no exercício anterior.
A emissão primária de 2 milhões de ações ordinárias e 10 milhões de preferenciais foi acompanhada por oferta secundária de 16,5 milhões de títulos sem direito a voto, que gerou R$ 136,2 milhões para os acionistas. O grupo controlador, reunido na holding Dramd, adquiriu 11,6% das novas ações e manteve a participação de 78% do capital votante e de pouco mais de 40% do total, informou o diretor corporativo de relações com investidores, Astor Schmitt.
Conforme o executivo, a demanda superou em mais de 90% as ofertas, alcançando valor superior a R$ 450 milhões. É um indicativo da credibilidade e transparência do grupo, disse Schmitt, que não comentou se pensa em fazer uma nova operação deste tipo em breve. Do volume total negociado, 57% foram adquiridos por fundos dos Estados Unidos, Europa (sobretudo da Alemanha), Singapura e Argentina, o que elevou para 13% a participação dos investidores estrangeiros no capital da Randon (ante 4,4% no fim de 2005).
O preço de R$ 8,25 definido para os dois tipos de ações, na opinião de Schmitt, foi justo porque se revelou palatável para quem vendeu e aceitável para quem comprou. A corretora Geração Futuro vendeu 30% dos papéis PN que tinha há cinco anos em carteira, adquiridos na faixa de R$ 0,50 a R$ 1, relata o sócio Wagner Salaverry. Segundo ele, a projeção de preço justo para os papéis da companhia é de R$ 10,40 no fim do ano.
As ofertas ampliaram a base de acionistas do grupo de 2,4 mil para 6,4 mil investidores, relatou Schmitt. Conforme Salaverry, a liquidez dos papéis aumentou, passando da média diária de R$ 1,8 milhão nos 12 meses acumulados até abril (quando foi fechado o preço das ações negociadas) para R$ 4,1 milhões. O número de negócios passou de 68 para 200.
De acordo com Schmitt, os investimentos passaram de R$ 85 milhões em 2004 para R$ 100 milhões no exercício seguinte e deverão crescer 50% em 2006 bancados principalmente com geração de caixa e capital próprio. O objetivo é não elevar o nível de endividamento líquido, que fechou o primeiro trimestre em R$ 137,2 milhões, menos de duas vezes o lucro antes dos juros, impostos, depreciações e amortizações (lajida) de R$ 70,7 milhões apurado no período.
Os aportes, conforme o diretor, serão direcionados para expansão da capacidade de produção, pesquisa, desenvolvimento e modernização das empresas do grupo. A maior delas, a Randon Implementos, por exemplo, pode produzir até 20 mil reboques e semi-reboques por ano e já deve encerrar o exercício na faixa de 17 mil, mencionou Schmitt. Até 2009, a capacidade da empresa deverá chegar a 36 mil unidades por ano.
O executivo diz que o segundo trimestre está sinalizando uma ligeira melhora nas margens em comparação com os três meses anteriores, quando a receita líquida consolidada do grupo subiu 6,7%, para R$ 498,8 milhões, mas o lucro líquido recuou 26%, para R$ 24,4 milhões, em relação ao período janeiro-março de 2005. Os preços dos insumos têm se mantido estáveis, sem pressões relevantes, e o processo de valorização do real cedeu um pouco no mês passado, comentou o executivo. As exportações devem subir de US$ 170,6 milhões do ano passado para cerca de US$ 190 milhões, em 2006.
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