Depois de dois anos de operações apenas esporádicas no modal ferroviário, a Ipiranga Petroquímica (IPQ) fechou o primeiro contrato com a ALL (América Latina Logística) para o transporte de 48 mil toneladas por ano de polietilenos do pólo petroquímico de Triunfo (RS) até Paraná e São Paulo. O volume mensal (4 mil toneladas) corresponde a 7,2% das vendas da empresa, mas pode chegar perto dos 20% em no máximo dois anos, diz o gerente de exportação e logística da empresa, Geraldo Markus.
Temos outros projetos e podemos chegar a 10 mil toneladas por mês por ferrovia, adianta o executivo. Segundo ele, a empresa pode, por exemplo, colocar sobre trens metade das 10 mil toneladas por mês que hoje são exportadas de caminhão para a Argentina e para o Chile. A logística da IPQ é gerenciada pela Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), que incluiu a ALL no grupo de prestadores de serviços para a petroquímica.
O contrato com a ALL prevê o transporte ferroviário das resinas até os terminais da operadora em Araucária (PR) e Tatuí (SP). De lá, as cargas são levadas de caminhão para os clientes finais. O tempo de entrega é maior (são cinco dias de trem contra dois no modal exclusivamente rodoviário no caso do Paraná), mas a diferença é compensada com o planejamento antecipado das encomendas e com a redução de até 20% no custo do frete.
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De acordo com Markus, a economia para a IPQ com o novo contrato chega a R$ 50 mil por mês, ou R$ 600 mil por ano, e a empresa não faz uma migração mais acelerada para a ferrovia porque não existem linhas que levem as cargas diretamente até os clientes. Ao contrário de países como os Estados Unidos, o Brasil sempre priorizou o transporte rodoviário.
Em compensação, o contrato com a ALL também irá proteger a IPQ da sazonalidade da oferta do transporte rodoviário, acrescenta Markus. Na época da safra da soja, por exemplo, os caminhões desaparecem, explica.
Segundo o diretor comercial da ALL, Alexandre Campos, a operadora está fazendo estudos para transportar cargas da IPQ destinadas à exportação por Uruguaiana, na fronteira com a cidade Argentina de Paso de Los Libres, e pelo porto de Rio Grande, no sul do Estado. Na Argentina, as cargas poderão ser transferidas para vagões da própria empresa, que também opera no país vizinho.
A ALL já transporta 72 mil toneladas anuais (6 mil por mês) de resinas da Ipiranga por via rodoviária para clientes na região Sul, em São Paulo, Goiás e no Distrito Federal, informa Campos. A operação também faz parte do grupo administrado pela Vale e só de 2004 para 2005 o volume foi ampliado em três vezes, diz o executivo. De acordo com ele, essas cargas não poderão migrar para os trens porque os clientes finais estão muito distantes das linhas férreas disponíveis.
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