Com investimentos em infra-estrutura e na diversificação de modais – fretes que integram trens, caminhões e outros meios de transporte – as concessionárias de ferrovias têm conquistado mercado. Desde que a América Latina Logística (ALL) assumiu a malha do Estado, há oito anos, a movimentação de produtos cresceu mais de 224%, passando de 1,9 milhão de toneladas, em 1997, para 6,3 milhões de toneladas, no ano passado.
A operação de grãos, carga mais transportada em vagões, teve um acréscimo de 172,22% no mesmo período, passando de 1,8 milhão de toneladas para 4,9 milhões de toneladas. A movimentação de produtos industrializados – que vão desde equipamentos siderúrgicos até leite em caixinha – aumentou de apenas 240 mil toneladas em 1997 para 1,4 milhão de toneladas no ano passado, um salto de 583,3%.
O investimento da ALL na rede que se estende do Rio Grande do Sul ao sul de São Paulo alcança R$ 1 bilhão. Entre 1977 e 1997, o governo federal havia aplicado no mesmo trecho cerca de R$ 107 milhões. No ano passado, a empresa investiu R$ 36 milhões em equipamentos de transbordo de cargas, ampliação de pátios e criação de uma fábrica de vagões.
– A malha estava abandonada. O sistema afastava os empresários dos trilhos. Todos buscaram se instalar o mais próximo possível das rodovias – explica o diretor de Industrializados e Mercosul da ALL, Alexandre Campos.
Distância das fábricas e das rodovias ainda é obstáculo
Se para garantir o início das operações nos primeiros anos as concessionárias brasileiras se dedicaram ao transporte de grãos – clientela tradicional do setor, que havia abandonado o sistema no final dos anos 70 -, a recuperação gradativa permitiu a busca de novos segmentos. Enquanto o custo do transporte ferroviário pode ser até 15% menor comparado ao rodoviário, a distância entre as fábricas e as ferrovias ainda é um obstáculo.
Por isso, a importância da utilização de diferentes modais, incentivada pelas próprias concessionárias ferroviárias. O produto é transportado de caminhão até o porto ferroviário e depois segue de trem até o destino, para ser novamente transportado de caminhão até o varejista ou ao destino final para exportação.
– Estamos transportando desta maneira arroz ensacado e leite, por exemplo – revela Campos.
Empresas como AmBev, Camil, Gerdau, Josapar e Sadia já utilizam o sistema misto.
Reforço na rede
Principais investimentos em 2005 no Estado
Uruguaiana – R$ 2,5 milhões em equipamentos e ampliação de área de armazenamento.
Santa Maria – R$ 5 milhões aplicados por uma joint venture formada pela ALL e pela Millinium Investimentos na construção de uma fábrica de vagões com capacidade para produzir mil unidades por ano.
Vagões Frigoríficos – Standard Logística e ALL investiram R$ 5 milhões no primeiro trem expresso frigorificado do país.
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