Um dia depois de assinar a ordem de serviço para o início das obras da Transnordestina, o presidente Lula fez hoje (dia 7) em Brasília, um vigoroso discurso em favor do progresso do transporte ferroviário, desafiando os empresários a apresentar projetos de investimento e dizendo que “dinheiro não é problema” Ele se referia à apresentação feita antes pelo presidente do BNDES, Demian Fiocca, para quem o banco está disposto a fazer empréstimos sem juros (mais TJLP) para obras de abertura de gargalos nas estradas de ferro.
“Eu era cético em relação ao Plano de Revitalização Ferroviária (programa de investimentos do Governo Federal lançado em 2003). Eu era cético. Tanto que nem fiz discurso. Quem estava lá se lembra. Mas agora estamos colhendo as primeiras uvinhas da nossa parreira”. Lula falou no seminário Brasil nos Trilhos, organizado pela ANTF. No fundo do auditório, o homem que há 10 anos privatizou a RFFSA, o ex-presidente Isaac Popoutchi – hoje diretor de relações institucionais da CSN – entendia o que o presidente estava falando: “Há 10 anos não havia negócios, não havia empresas, não havia resultados. Passado esse tempo as ferrovias viraram um caso de sucesso”, comentou Isaac.
O presidente admitiu também que era contra a Ferrovia Norte-Sul, mas disse que mudou de opinião:
“Todo mundo comete erros, e o importante é saber voltar atrás. E todos nós erramos quando no passado abandonamos a ferrovia. Pois é hora de corrigirmos o erro. Demonstrando conhecimento sobre os problemas das ferrovias, o presidente disse que não era mais possível continuar convivendo com problemas como a travessia Cachoeira-São Felix, na Bahia, “onde o trem chega a fazer seis manobras para passar de uma cidade a outra”. No dia 5 o ministro dos Transportes, Paulo Sergio Oliveira Passos, havia anunciado a conclusão da licitação para a construção da variante que vai resolver o problema.
Lula referiu-se também ao problema da travessia de Belo Horizonte e às dificuldades para concluir o encontro de contas entre a Vale e o Governo Federal, informação confirmada logo após pelo presidente da FCA e da ANTF, Mauro Dias. Em seguida, retomou um tema que lhe é caro, o da fabricação de locomotivas no Brasil: “Não tem sentido o Brasil não fabricar locomotivas. Lembro que quando trabalhei na Villares, em Araraquara, em 1972, a empresa estava iniciando a fabricação de locomotivas. Que depois parou, porque não havia encomendas. Mas agora há. E a GE assumiu o compromisso comigo de voltar a fabricar locomotivas no Brasil”.
Usando um boné da Polícia Ferroviária Federal, o presidente encerrou com ênfase: “ Só posso dizer para vocês que não tem volta. E se vocês estiverem convencidos disso, ninguém segura as ferrovias do Brasil”.
Seja o primeiro a comentar