A CAF – Construcciones y Auxiliar de Ferrocarriles – maior fabricante de material ferroviário da Espanha, iniciou ontem formalmente a construção da fábrica em Hortolândia (SP), onde vai fabricar 38 dos 40 trens que vendeu à CPTM e 15 dos 17 que vendeu ao Metrô de São Paulo. Como ressaltou o governador José Serra, presente ao evento, a fábrica vai gerar 1.200 empregos diretos e está destinada a transformar Hortolândia “no principal pólo da indústria ferroviária de São Paulo e do Brasil”. Ao lado do terreno da CAF fica a vasta área que a Amsted Maxion comprou da extinta Cobrasma.
Embora não admita oficialmente, a Amsted Maxion vai participar da fabricação e já até alugou para a CAF quatro galpões dentro do seu terreno. Até hoje, no que diz respeito a material ferroviário, a Amsted Maxion só fabricava vagões (e um locomotiva de manobra apresentada na feira Negócios nos Trilhos do ano passado). A sua entrada na fabricação de trens de passageiros vem num momento muito oportuno para a empresa. O mercado de material de carga está em queda livre por conta da recessão mundial.
No seu discurso, feito em tom de candidato a presidente, o governador disse que o investimento em transporte é “o mais distributivo que existe”, pois poupa o trabalhador de “horas sofridas e não ganhas ao ir e voltar do trabalho”.
“Outros podem achar que o interesse social está no clientelismo e na transferência de renda. Nós achamos que está na geração de empregos e no investimento em transporte”.
Presente à solenidade, o presidente da CAF, Andres Ari Scoleto, disse que a fábrica será construída em tempo recorde “e em dezembro deste ano estará operando a plena carga”. Será “uma das mais modernas do mundo” , construída em 200 mil m2, com 31 mil m2 de área coberta e investimento de R$ 150 milhões. Mas já em junho a produção vai começar com o apoio da Amsted Maxion. Anteriormente a CAF havia negociado uma associação com a Iesa, de Araraquara (SP). No entanto, segundo fontes da própria Iesa, o acordo foi desfeito antes de começar.
Além da CAF e da Amsted Maxion, um fornecedor importante nas encomendas paulistas será a Mitsubishi, que faz assim seu primeiro negócio importante no setor ferroviário brasileiro em muitos anos (até aqui a Mitsui era mais importante). Toda a cadeia de tração, inclusive os motores AC, para os 57 trens será Mitsubishi. O presidente da empresa no Brasil, Masaki Kondo, disse que está sendo estudada uma nacionalização parcial do equipamento. Já o ar condicionado virá da Índia, da fábrica da Faiveley naquele país.
A CAF foi fundada em 1917 e tem hoje mais de 5 mil funcionários na Espanha, Estaods Unidos, Máxico, Brasil, Argentina, Irlanda, Itália, Argélia, Turquia e Chile. No Brasil é a primeira instalação industrial de porte. Anteriormente a empresa tinha uma oficina de tamanho médio arrendada da antiga Fepasa para reforma e manutenção de trens. No resto do mundo a CAF está hoje envolvida em fornecimento de trens para o Metrô de Argel, Metrô de Santiago, VLT de Antalya (Turquia), Metrô da Cidade do México, VLT de Edimburgo, Metrô de Nova Delhi, trens metropolitanos para Izmir e unidade de alta velocidade para a linha Ankara-Istambul. Em 2005 ganhou uma licitação para operar por 30 anos o sistema metropolitano da cidade do México.
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