O Dia – Desde que os trens da Supervia no ramal Guapimirim – que liga Saracuruna a Guapimirim, na Baixada Fluminense – deixaram de ir até a estação Guapimirim há mais de dois meses, os passageiros que dependem desse transporte se veem prejudicados. É o caso, por exemplo, da cuidadora de idosos Regina da Silva, que teve de deixar seu trabalho, assim como o marido e a filha, por não poder arcar com o custo da passagem no ônibus ou no transporte alternativo.
“Eu, meu marido e minha filha íamos trabalhar de trem no Rio. Eu cuidava de um idoso, minha filha era diarista e meu marido era servente de pedreiro. Tivemos de largar os empregos. Nós três gastávamos juntos R$ 300 de trem. De onde eu moro para chegar à estação de Citrolândia, tenho que pegar dois ônibus, daí teria de gastar mais R$ 14 por dia (ida e voltar), sem contar meu marido e minha filha que gastariam esse mesmo valor. Já a passagem de ônibus de Guapimirim para o Rio custa R$ 12,50, e aqui em casa nós três gastaríamos R$ 750. Esse dinheiro faz falta na nossa mesa. É comida que deixamos de comprar. Agora faço ‘bico’ por aqui mesmo, quando tem emprego, porque emprego aqui é coisa rara”, contou Regina da Silva ao O Dia.
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A família da cuidadora de idosos Regina da Silva é apenas uma entre as várias que se viu afetada pela interrupção parcial dos trens no ramal Guapimirim. Além do alto custo na passagem de ônibus e de van, essas duas modalidades funcionam em horários limitados. Uma alternativa para quem precisa ir ao Rio é utilizar o Riocard na função Bilhete Único, pagando R$ 8,55.
Em abril deste ano, a Supervia anunciou, por medida de segurança, a interrupção por três dias, entre os dias 9 e 12, em trechos desse ramal, ao constatar ‘severa degradação da estrutura física de três pontes ao longo da linha após as fortes chuvas que atingiram o Rio de Janeiro’. Diferentemente de outras ocasiões, a concessionária também não disponibilizou ônibus para transportar os passageiros até outras estações.
Procurada pela reportagem, a SuperVia informou que os trens estão circulando entre as estações de Saracuruna e de Citrolândia, limite entre os municípios de Magé e Guapimirim, e que precisou reduzir o trajeto, porque uma ponte entre as estações de Parada Ideal e Parada Modelo teve sua estrutura afetada pelas fortes chuvas. A previsão para que o serviço volte a funcionar em Guapimirim é até o fim de outubro, conforme nota da empresa. Os passageiros terão de esperar por até seis meses para que o serviço seja normalizado.
Outras duas pontes no mesmo ramal também passarão por reformas. Segue a nota na íntegra:
“A SuperVia precisou interditar, no dia 08/04, a ponte localizada entre as estações Parada Ideal e Parada Modelo, da extensão Guapimirim. Em vistoria foi constatado que a estrutura havia sido prejudicada pelas fortes chuvas que atingiram a região. Em função disso, a circulação de trens não ocorre no trecho entre Parada Ideal e Guapimirim. Os trens circulam entra as estações Saracuruna e Citrolândia. Outras duas pontes da extensão, uma localizada nas proximidades da estação Saracuruna e outra de Magé, também passarão por manutenção.
A concessionária já contratou a empresa que vai realizar as obras. A previsão é de que sejam concluídas no final de outubro, e a Agetansp já foi comunicada. A SuperVia ressalta que a segurança é um valor inegociável e que a interrupção foi uma medida necessária para garantir a integridade de todos.
Os clientes estão sendo informados sobre as alterações por meio dos canais de relacionamento da concessionária. A extensão Guapimirim transporta cerca de 700 pessoas por dia”, informou a concessionária.
A outra manutenção a que se refere, acontecerá nos fins de semana entre os dias 19 de junho e 4 de junho, nas extensões Vila Inhomirim e Guapimirim.
Entre abril e junho deste ano, a concessionária já emitiu ao menos quatro avisos de interrupção temporária dos serviços no supracitado ramal, dois deles nos últimos dias 2 e 11 de junho, referentes ao trecho entre Gramacho e Guapimirim, ‘em função de furto de materiais da via nas imediações da estação Campos Elíseos’.
Em março de 2020, logo no início da pandemia, a SuperVia havia interrompido o serviço por cerca de cinco meses. Nessa ocasião, a empresa chegou a colocar ônibus para atender os passageiros até outras estações para que pudessem embarcar de trem.
Recuperação judicial
O Grupo Supervia solicitou recuperação judicial, cujo pedido foi aceito pela 6ª Vara Empresarial do Rio, na última sexta-feira (11/6). Nos autos do processo, o grupo alegou que, devido à pandemia de coronavírus (Covid-19), ter perdido receita. Entre março de 2020 e junho de 2021, a queda na arrecadação foi de mais de R$ 472 milhões, o equivalente à redução de 102 milhões de passageiros em circulação.
A Supervia também informou ao Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) que prorrogou o contrato de concessão com o governo fluminense para até o ano de 2048, vinculado a fazer investimentos nos serviços.
O Grupo Supervia é composto pelas empresas SuperVia Concessionária de Transporte Ferroviário, Rio Trens Participações, SC Empreendimentos e Participações, Hotel Central, Teleféricos do Rio de Janeiro e F.L.O.S.P.E. Empreendimentos e Participações.
Entre abril e junho deste ano, a concessionária já emitiu ao menos quatro avisos de interrupção temporária do serviço no supracitado ramal. Na última sexta-feira (11/6), por exemplo, no trecho entre Gramacho e Guapimirim, ‘em função de furto de materiais da via nas imediações da estação Campos Elíseos’.
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