Valor Econômico – A Santos Brasil se prepara para o leilão de dois grandes terminais de combustíveis no Porto de Santos, o STS 08 e o STS 08A, marcado para o dia 19 de novembro. A expectativa é de uma disputa acirrada – talvez não em quantidade de concorrentes, mas em nível de interesse, avalia Daniel Dorea, diretor financeiro do grupo.
“A expectativa é que Petrobras virá forte para o STS 08A, que é o maior ativo do leilão. Temos dedicado mais tempo ao STS 08. Agora, é uma questão de entender bem os riscos de mercado, porque outras capacidades estão sendo adicionadas em Santos, por grupos que já contrataram crescimento no porto. Além disso, há os riscos próprios da execução do investimento. Estamos super dedicados em quantificar esses riscos e entender se somos competitivos”, afirmou.
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
- SP nos Trilhos: os projetos ferroviários na carteira do estado
O STS 08A, uma área de 297 mil metros quadrados, prevê investimentos de R$ 678,3 milhões ao longo de 25 anos. Já o STS 08 tem tamanho menor, de 168 mil metros quadrados, e prevê R$ 260,6 milhões de investimentos no total. Hoje, as duas áreas são operadas pela Transpetro, por meio de contrato de transição.
A Santos Brasil, cuja operação atualmente é focada em contêineres, colocou em marcha um plano de diversificação de cargas, com foco em granéis líquidos e sólidos (em especial, grãos). A empresa fez sua estreia no setor de combustíveis em abril deste ano, ao vencer o leilão de três terminais portuários em Itaqui (MA), sendo dois deles já operacionais e um que será construído do zero (“greenfield”).
A meta original de iniciar a operação dos dois terminais existentes em 2024 foi antecipada. Hoje, há uma perspectiva relevante de assumi-los no próximo ano, segundo Dorea. “Estamos correndo para obter as licenças e, se conseguirmos fechar acordo com os atuais arrendatários para a aquisição dos tanques instalados, temos uma boa chance de montar a operação no primeiro semestre de 2022”, diz ele.
“Se tudo der certo, devemos fazer R$ 100 milhões de investimento em Itaqui em 2022”, completou o executivo. Em relação ao terminal “greenfield”, a previsão é concluir as obras em 2025, para iniciar a operação até 2026.
Para além dos planos de expansão, a Santos Brasil tem mostrado bons resultados. No terceiro trimestre, a empresa registrou lucro líquido de R$ 66,7 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 5,5 milhões do ano anterior – em que os efeitos negativos da pandemia, sobretudo sobre as importações, ainda eram sentidos.
A receita líquida da companhia cresceu 80% no trimestre, chegando a R$ 396,6 milhões. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) cresceu 205,8%, saltando para R$ 152 milhões.
O volume movimentado nos três terminais de contêineres da empresa teve aumento de 26,4% no período. O avanço poderia ter sido ainda maior se não fossem os enormes gargalos logísticos vistos em todo o mundo durante a pandemia, com congestionamento de portos, demora na liberação das cargas, falta de navios e contêineres – tudo isso em meio a uma forte demanda global por bens de consumo.
Em linha com as projeções das empresas marítimas, Dorea prevê que as dificuldades logísticas perdurem até o quarto trimestre de 2022. “A percepção é que haverá demanda, porém, o teto disso será essa reorganização das cadeias de suprimento globais.”
Seja o primeiro a comentar