G1 – Moradores da Zona Oeste de São Paulo registraram no último sábado (5) o alagamento de duas obras da Linha-6 Laranja do Metrô após a forte chuva na cidade. As inundações aconteceram na área de construção das estações Sesc-Pompeia e Perdizes.
Na Avenida Sumaré, local em que a estação Perdizes está sendo construída, há um córrego sob o asfalto. No local, uma enxurrada se formou e árvores caíram, interditando vias. Algumas ruas ficaram sem luz.
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Procurado, o governo do Estado disse que a situação da obra é de responsabilidade da Acciona, empresa espanhola que dá continuidade às construções.
Em nota, a Concessionária Linha Universidade (Linha Uni) – por meio da qual a Acciona firmou o contrato de Parceria Público-Privada (PPP) com o governo estadual – disse que as obras não foram interrompidas e seguiram normalmente após o bombeamento das águas das chuvas. “Esta é uma área historicamente sujeita a alagamentos”, afirmou a Linha Uni.
Cratera na Marginal Tietê
A Linha-6 Laranja é a mesma em que houve um acidente na Marginal Tietê, na Zona Norte da capital, abrindo uma cratera que engoliu o asfalto e interditando a via.
Anunciada em 2012, a obra tem como objetivo ligar o Centro à Brasilândia, na Zona Norte de São Paulo. Até hoje, nenhuma estação foi inaugurada.
Com 15 km de extensão e 15 estações, a linha irá reduzir a 23 minutos um trajeto que hoje é feito de ônibus em cerca de uma hora e meia. Quando estiver concluída, cerca de 630 mil passageiros devem usar a linha diariamente.
Estão previstas conexões com as linhas 4-Amarela, do Metrô, e com a 7-Rubi e a 8-Diamante, da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
As obras estão sendo realizadas pela empresa espanhola Acciona, em uma Parceria-Público-Privada. Segundo o governo, a concessão inclui também a aquisição da frota de 22 trens e prevê 19 anos para manutenção e operação da linha. O investimento é de R$ 15 bilhões.
Histórico da obra
Em 2008, o então governador de São Paulo, José Serra (PSDB), prometeu que iria entregar a ampliação da Linha Laranja até a Brasilândia até 2012. As obras começariam em 2010 e custariam cerca de R$ 2 bilhões. O então prefeito de São Paulo da época, Gilberto Kassab (DEM), afirmou que em parceria com o governo do estado iria investir R$ 1 bilhão no metrô.
No entanto, as obras não foram para frente. Quatro anos depois, já sob o governo de Geraldo Alckmin (PSDB), a nova previsão era as obras começarem em 2013 e ficarem prontas em 2019. O custo quadruplicou – passou para R$ 8 bilhões. Em 2012, mais de 400 imóveis fora desapropriados para a construção da linha.
As obras começaram apenas em 2015. Em 2016, o consórcio Move São Paulo, responsável pela Linha 6-Laranja, alegou que não poderia dar continuidade à construção da linha por falta de dinheiro.
O consórcio teve a Parceria Público-Privada (PPP) suspensa pelo governo do estado em 2018. Na época, o secretário dos Transportes Metropolitanos Alexandre Baldy disse que a interrupção das obras se deu pelo envolvimento de empresas do consórcio na Operação Lava Jato, que desvendou esquema bilionário de lavagem de dinheiro e pagamentos de propina.
Em 2019, a empresa espanhola Acciona assumiu os direitos do consórcio para tocar o empreendimento.
Em fevereiro de 2020, o governador João Doria informou que as obras seriam retomadas e a obra seria entregue em quatro anos, até 2024. Em outubro daquele mesmo ano, a nova promessa de entrega passou para 2025.
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