G1 – Pesquisa de avaliação dos serviços prestados nas Linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda de trens metropolitanos mostra que a insatisfação dos usuários caiu para pouco mais da metade desde a privatização das duas linhas.
O índice de insatisfação atingiu o patamar de 1996, quando as linhas chamavam B e C e ainda eram de operação da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
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As duas linhas têm sofrido problemas quase diários de operação desde que foram concedidas para a gestão da ViaMobilidade no início de janeiro.
Segundo a sondagem feita pelo Datafolha, a média de avaliação positiva, que era de 85%, caiu para pouco mais de 50%, entre 2021 e 2022, quando a concessionária assumiu o controle das linhas.
A pesquisa contratada pela Viamobilidade é uma obrigação do contrato de concessão e é avaliada pelo governo paulista como um dos indicadores de desempenho da empresa.
Segundo os dados, a avaliação positiva na Linha 8-Diamante caiu de 88% para 53% de 2021 para 2022.
Na Linha 9-Esmeralda, a queda foi de 83% de satisfação com o serviço prestado para 54%.
Nas duas linhas, o que se vê entre os usuários são pessoas que estavam com a esperança de que a concessão melhorasse a vida de quem anda de trem.
“Eles [os trens] param, ficam parados nas estações. Você paga uma coisa que não funciona”, afirma o encanador Ananias Souza.
“A gente queria saber o que acontece com os trens porque nós não sabemos. Porque tem tudo para dar certo, todo mundo vem no horário, mas não dá. E acontece os atrasos sem explicação. Ninguém dá explicação sobre isso”, disse a gerente de vendas Ana Cláudia Melo.
Concessão das linhas
A Viamobilidade assumiu as linhas 8 e 9 em 27 de janeiro deste ano. O contrato com a concessionária vai durar 30 anos. Nesse período, devem ser investidos R$ 4 bilhões em melhorias, segundo o contrato de concessão.
Mais de 1 milhão de passageiros por dia passam pelas duas linhas, 35% do que as linhas da CPTM transportam na Grande São Paulo.
A Linha 8-diamante tem hoje 22 estações e 37 quilômetros entre as estações Júlio Prestes, na capital, e Itapevi, na Grande São Paulo.
Já a Linha 9-Esmeralda tem 32 quilômetros e 19 estações entre Osasco, na Grande São Paulo, e Grajaú, na Zona Sul da capital paulista.
Os usuários disseram que melhorou a questão da segurança nas linhas, dizem que não presenciam mais tantos assaltos e furtos, mas que piorou a questão da superlotação, e o funcionamento dos trens piorou muito. O nível de insatisfação subiu 61% na Linha 8, e 64% na 9.
O SP2 embarcou na Linha 9-Diamante, na estação Júlio Prestes, nesta quinta-feira (13) e ouviu dos passageiros o quê mais atrapalha.
“Atrasos e lentidão é o forte deles. E a gente tem horário pra chegar no serviço, às vezes chega atrasado por causa disso, o patrão não quer saber”, declarou a auxiliar de limpeza Daniele Leite.
“Vai fazer um ano que eu pego esse trem, então, para mim tem defeito direto. Para, fica 20 minutos, fala que tá sem energia e depois começa. Quebra direto”, disse a cozinheira Maria Bernardo.
O que dizem as partes envolvidas
A ViaMobilidade disse, em nota, que já fez algumas melhorias, como correção nos trilhos e manutenção na frota de trens. A concessionária também afirmou que um levantamento interno mostrou que o número de reclamações caiu 76%.
Já a Secretaria de Transportes Metropolitanos informou que a pesquisa é um dos indicadores de desempenho avaliados pelo governo e que pode gerar a abertura de processos administrativos.
A secretaria também informou que, de janeiro a julho deste ano, aplicou quase R$ 10 milhões em multas para a ViaMobilidade, que ainda estão em análise judicial.
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