Acompanhamos os bastidores da operação da Linha 13-Jade, a primeira 100% automática na CPTM

Trens mais novos da CPTM (Jean Carlos)
Trens mais novos da CPTM (Jean Carlos)

Metrô CPTM – Primeiro ramal projetado e gerido pela CPTM, a Linha 13-Jade está em operação desde 2018 e é a mais moderna da companhia.  Graças ao sistema ATO (Automatic Train Operation), já em funcionamento, é possível operar os trens de forma 100% automática.

O site acompanhou a operação na Linha 13 da cabine de um dos trens e pode entender como são os bastidores do serviço. Em uma série de três matérias destacaremos as principais mudanças.

Os trens

Os trens que circulam na Linha 13-Jade são atualmente os mais novos em operação na malha metroferroviária de São Paulo. As oito composições da Série 2500 fabricadas pela CRRC na China chegaram ao Brasil em 2019 e iniciaram a operação a partir de 2020.

O trem, que em certos períodos foi visto com certa desconfiança por conta de sua procedência, tem tido bons resultados em termos de manutenção. As composições incorporam tecnologias inéditas como contadores de passageiros e painéis dinâmicos.

Uma questão bastante curiosa é a presença de botões nas portas. Esse instrumento já existe em vários sistemas no mundo e apresenta vantagens pois apenas aciona as portas necessárias em vez de acionar todas as portas ao mesmo tempo, diminuindo a probabilidade de falha.

Botões para abertura de portas e paineis dinâmicos (Jean Carlos)
Botões para abertura de portas e paineis dinâmicos (Jean Carlos)

No entanto, foi decidido não aplicar o sistema nesses novos trens. Dois pontos norteiam a decisão da CPTM, a questão cultural e o tipo de serviço prestado. Geralmente os botões são utilizados em serviços de caráter seletivo e na Linha 13 a grande demanda e a necessidade de conhecer seu funcionamento poderiam causar problemas entre os passageiros.

Primeira linha automatizada da CPTM

Outro importante destaque da Linha 13-Jade é seu sistema de sinalização. O trecho é o primeiro da CPTM a operar com o ATC (sinalização por bloco fixo) com auxílio do ATO, que garante que a condução do trem e abertura de portas sejam realizadas de forma totalmente automática, e que é usado no Metrô há bastante tempo.

O sistema já estava previsto para ser instalado desde o início da operação. Outros trechos da rede de trens metropolitanos como a Linha 7-Rubi, 9-Esmeralda e 12-Safira também têm perspectiva de receber o mesmo sistema.

Equipamento do ATO instalado na via (Jean Carlos)
Equipamento do ATO instalado na via (Jean Carlos)

O ATO possui sistemas embarcados dentro dos trens, ao longo das vias, nas estações e sobretudo no CCO, onde é realizado o monitoramento das viagens de forma remota através de um console dedicado.

Uma das características do ATO é a possibilidade de reduzir e regular os intervalos dos trens. Através de cálculos realizados pelo próprio sistema é possível controlar a velocidade das composições, conferindo maior previsibilidade e pontualidade às viagens.

Atualmente todos os trens da Série 2500 rodam com o ATO na Linha 13-Jade, que compreende o trecho entre a estação Engenheiro Goulart e Aeroporto-Guarulhos.

A velocidade dos trens é controlada através dos chamados níveis de desempenho. Essas graduações levam em consideração eventuais desvios na programação. Caso a grade horária sofra com grandes atrasos o nível de desempenho é ajustado para permitir que a operação ocorra com menor impacto.

Linha 13 é a primeira a operar de forma automática (Jean Carlos)
Linha 13 é a primeira a operar de forma automática (Jean Carlos)

Os trens com ATO também têm a função de operar com potência variável. O sistema atualmente estabelece que os trens na Linha 13-Jade operem com potência reduzida – apenas 70% da potência está disponível. 

Cabe ressaltar que a potência reduzida não impacta na velocidade máxima de operação, que é de 90 km/h, mas apenas na aceleração da composição, momento onde é exigido maior demanda de corrente para os motores.

A abertura de portas e as paradas programadas nas estações são todas temporizadas de forma a padronizar todos os eventos na operação. O sistema é capaz também de gerar um gráfico de viagens de forma automática, simplificando a gestão operacional.

Cabe ressaltar que durante as viagens, o maquinista precisa realizar o “reconhecimento” das ações do ATO. Apesar de ser um sistema automático ele não é desassistido, sendo fundamental a presença do operador.

ATO em ação, operação automatizada (Jean Carlos)
ATO em ação, operação automatizada (Jean Carlos)

Expresso Aeroporto opera com sistema híbrido

Uma questão que pode ser levantada se refere a operação do sistema ATO no serviço Expresso Aeroporto. Segundo a CPTM, os trens respeitam o ATO no trecho da Linha 13-Jade.

Isso inclui as funções como a do “Trem Direto”. Este recurso possibilita que o sistema ATO ignore a parada por uma estação, permitindo a manutenção da velocidade e melhoria do tempo de viagem.

A partir do momento que o trem passa da estação Eng. Goulart e entra efetivamente na Linha 12-Safira, o comando do trem é transferido para o operador. O sistema ATC, que funciona no ramal que liga o Brás a Calmon Viana sem o ATO, passa a reger o controle de velocidade da mesma forma como nos demais trens da CPTM.

Nos trechos sem ATO o maquinista opera os trens manualmente (Jean Carlos)
Nos trechos sem ATO o maquinista opera os trens manualmente (Jean Carlos)

Expansão da automação

Futuramente, quando a Linha 12-Safira estiver operando com o sistema ATO, os trens da Linha 13-Jade poderão “conversar” com o mesmo sistema. Desta forma a operação poderá ser ainda mais otimizada já que todos os trens das duas linhas serão padronizados.

Neste cenário, o Expresso Aeroporto poderia operar de forma automática até a estação Tatuapé. No entanto, a partir deste ponto o trem deverá realizar a transposição para a Linha 11-Coral que futuramente contará com o sistema CBTC.

Os trens da Série 2500 não possuem CBTC embarcado, mas se o padrão de sinalização passar a ser esse quando os dois ramais forem levados para Palmeiras-Barra Funda (em 2024), será preciso adaptá-los.

ATO da Linha 12-Safira permitirá operação automática do Expresso até Tatuapé (Jean Carlos)
ATO da Linha 12-Safira permitirá operação automática do Expresso até Tatuapé (Jean Carlos)

Ainda sobre o serviço Expresso, questionamos a equipe da diretoria de operações sobre como é realizado o acesso dos trens nas interfaces entre as linhas. Segundo a explicação, o controlador de tráfego do CCO, diante das informações que possui, é responsável por realizar de forma segura e efetiva a penetração dos trens entre as linhas.

Na Linha 12-Safira, as obras para redução dos blocos fixos do sistema de sinalização poderão proporcionar maior agilidade na operação do expresso sem impactar tanto a operação dos trens que circulam entre Brás e Calmon Viana.

Fonte: https://www.metrocptm.com.br/acompanhamos-os-bastidores-da-operacao-da-linha-13-jade-a-primeira-100-automatica-na-cptm/

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