Valor Econômico – A atual volatilidade do mercado e o custo de financiamento no país são pontos de atenção para o grupo CCR, que segue analisando novas oportunidades de concessões em rodovias e mobilidade urbana no país. Segundo o diretor financeiro, Waldo Perez, a companhia tem diversas opções de financiamento disponíveis, mas o cenário demanda cautela.
“O ponto de atenção hoje é que, dada a posição do Tesouro americano e as questões geopolíticas globais, os mercados estão voláteis. As condições de mercado são tais que, quando colocamos as premissas de financiamento, temos que colocar uma ‘gordura’, para nos proteger de eventuais aumentos pontuais do mercado”, afirma o executivo.
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Ele destaca, porém, que a empresa tem acesso a diferentes opções de crédito, inclusive a possibilidade de buscar o mercado de capitais internacional, e que estuda a venda de ativos do portfólio para levantar capital.
A CCR encerrou o terceiro trimestre com alavancagem (medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda ajustado) de 2,9 vezes, contra índice de 3 vezes no mesmo período de 2022. A dívida líquida chegou a setembro em R$ 22,5 bilhões, alta de 9,4% na comparação anual.
Segundo o executivo, a CCR segue estudando oportunidades em rodovias e mobilidade urbana. Ele cita como exemplos a concessão da BR-381 em Minas Gerais – com leilão marcado em 24 de novembro – e o Trem Intercidades entre São Paulo e Campinas – com licitação em fevereiro de 2024 -, mas diz que a decisão sobre fazer oferta se dará às vésperas das concorrências.
Após um ciclo de forte expansão vivido nos últimos anos, a CCR assumiu uma postura mais seletiva. A empresa ficou de fora dos grandes leilões de rodovias realizados neste ano e, recentemente, sinalizou recuo no negócio de aeroportos, para o qual deverá buscar sócios.
No terceiro trimestre deste ano, o grupo registrou lucro líquido de R$ 251,5 milhões, queda de 58,5% na comparação com o mesmo período de 2022. O resultado negativo foi impactado por dois efeitos extraordinários.
O primeiro, que já vinha afetando o balanço desde o quarto trimestre do ano passado, é uma mudança contábil dos investimentos da concessão ViaOeste, que passaram a ser reconhecidos como custo. Outro impacto é decorrente do TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) firmado pela empresa com o Ministério Público de São Paulo, no qual a companhia se comprometeu com R$ 150 milhões de indenização.
Desconsiderando os eventos, o lucro líquido ajustado do grupo fica em R$ 501,6 milhões, alta de 44,8%. O dado ajustado também neutraliza fatores extraordinários registrados no terceiro trimestre de 2022, como a venda da TAS e uma redução do valor contábil da ViaOeste, explica Flávia Godoy, superintendente de Relações com Investidores da CCR.
No terceiro trimestre, a empresa registrou Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 1,66 bilhão, queda anual de 29,5%, também devido aos efeitos extraordinários. O Ebitda ajustado teve alta de 15,8%, para R$ 2,12 bilhão. A receita líquida do período avançou 7,6%, chegando a R$ 3,4 bilhões.
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