Um acordo comercial entre o Governo do Paraná e a Rumo Logística vai permitir que a Ferroeste (Estrada de Ferro Paraná Oeste S.A.) amplie a capacidade de escoamento da safra, beneficiando o setor produtivo do Estado. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (30) pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior, durante reunião no Palácio Iguaçu com o prefeito de Cascavel, Leonaldo Paranhos, e lideranças empresariais da Região Oeste.
“Nosso governo está trabalhando para oferecer novas alternativas de transporte ferroviário, com foco no aumento da capacidade de escoamento, reestruturação da malha e no potencial logístico do corredor de exportação Oeste-Leste”, ressaltou Ratinho Junior. “Há um grande volume de novas indústrias chegando ao Paraná, ampliando a necessidade logística do Estado”, completou.
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A expectativa, de acordo com o secretário de Estado da Infraestrutura e Logística, Sandro Alex, é que o volume de produtos transportados na malha ferroviária que liga Cascavel a Guarapuava passe de 1,1 milhão de toneladas por ano para cerca de 2 milhões/ano.
O novo documento de operação, que deve ser assinado nos próximos dias para garantir segurança jurídica às partes, vai permitir que as duas empresas compartilhem cargas que saem da Região Oeste em direção a Paranaguá. A negociação possibilita à Rumo entrar no trecho da Ferroeste, inclusive com reforço de maquinário. Para que isso aconteça, há uma regulação da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Atualmente, a multinacional é responsável pela operação entre Guarapuava e o Porto de Paranaguá. Já a Ferroeste administra o trecho ferroviário entre Cascavel e Guarapuava. “Esse acordo comercial vai permitir uma considerável ampliação no escoamento da safra, já a partir de março. Garante capacidade logística e uma redução de custos para os produtores”, explicou Sandro Alex.
SAFRA – O secretário ressaltou que o acordo chega em um bom momento para o Estado. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento, poderão ser colhidas até 23,4 milhões de toneladas de grãos em 2020, volume que, se concretizado, será 19% acima do ano passado, quando foram colhidos 19,7 milhões de toneladas.
“Esse acordo com a Rumo, que vai permitir dobrar a capacidade de escoamento da produção, é motivo de muita comemoração em toda a Região Oeste. É mais agilidade e desenvolvimento”, destacou Leonaldo Paranhos, prefeito de Cascavel.
O plantio de soja ocupa 92% da área plantada em todo Estado, com 5,4 milhões de hectares. A previsão para a safra de soja 19/20 está mantida em 19,8 milhões de toneladas, volume 23% maior que na safra passada, quando foram colhidas 16,1 milhões de toneladas.
A primeira safra de milho está totalmente plantada, ocupa uma área de 335 mil hectares – 7% a menos que na safra anterior. A estimativa de produção é de 3,1 milhões de toneladas, repetindo o volume da safra passada.
LUCRO – A Ferroeste fechou 2019 com lucro operacional de R$ 453 mil (expurgada as depreciações) e faturamento bruto na casa dos R$ 30,5 milhões. Desde o início da operação da empresa estatal, em 1996, é a primeira vez que um ano termina no azul.
Planejamento estratégico, redução de custos e uma série de outras medidas explicam o desempenho. A Ferroeste registrou faturamentos mensais na casa de R$ 3 milhões em 2019 e alcançou R$ 30,5 milhões no acumulado dos doze meses. Esse montante é 49% superior a 2018, com R$ 20,5 milhões, e 75% maior em relação a 2017, ano de R$ 17,4 milhões de faturamento.
O volume total de cargas transportadas também foi recorde no ano passado, com 1,1 milhão de toneladas, contra 780 toneladas de 2018, crescimento de 46%. A melhor marca anterior havia sido registrada em 2016, com 826 toneladas.
“O desempenho altamente positivo da Ferroeste é uma demonstração da importância que o nosso governo dá ao modal ferroviário, dentro da estratégia global de ampliar e aprimorar a infraestrutura e logística do Paraná”, ressaltou o governador.
BOX 1
Estado quer ampliar malha ferroviária paranaense
Em paralelo ao aumento da eficiência da Ferroeste, a Secretaria de Infraestrutura e Logística discute alternativas para o crescimento da malha ferroviária do Estado, com foco na ligação entre a malha atual e o Mato Grosso do Sul. São discutidos modelos de concessão e parcerias público-privadas.
O Governo do Estado contratou em 2019 o EVTEA-J (Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica, Ambiental e Jurídica) dos projetos da Nova Ferrovia (Paranaguá a Maracaju, no Mato Grosso do Sul) e do ramal ferroviário Cascavel a Foz do Iguaçu. Uma vez que confirme todos os requisitos, a empresa terá doze meses para a elaboração do estudo, que contemplará 1.370 quilômetros.
Os investimentos do Governo do Estado nessa modelagem somam R$ 6 milhões, como parte do contrato de financiamento do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Há, ainda, a previsão de um corredor intermodal entre Cascavel e Foz do Iguaçu, com expectativa de lançamento do edital em 2021. A ligação está orçada em cerca de R$ 1,6 bilhão.
O projeto prevê transporte por via fluvial e terrestre entre Foz do Iguaçu e Cascavel pela nova perimetral Leste, parte do projeto da segunda ponte entre o Brasil e o Paraguai, além do transporte ferroviário, o que concretizará aumento expressivo da movimentação de trens e cargas no Oeste do Paraná, ampliando a geração de emprego e o PIB do Estado.
O próximo passo seria a concretização da ligação Paranaguá-Maracaju, com integração do trecho intermodal Foz do Iguaçu-Cascavel. A programação contempla linhas Cascavel-Guarapuava-Litoral, cobrindo uma região estratégica para o País e o continente. A ligação teria 1.000 quilômetros. A ideia é que 50 milhões de toneladas de cargas, entre exportações e importações, sejam transportadas por este ramal.
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