O cenário atual do sistema de trens urbanos do Recife foi discutido na manhã desta quinta-feira (27), na Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (STDH), no Centro da capital pernambucana. Foram abordadas as falhas no serviço, que abrange Recife, Jaboatão dos Guararapes, Camaragibe e Cabo de Santo Agostinho. O debate foi organizado pelo STDH e pelo Procon.
A Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), responsável pela prestação do transporte ferroviário de pessoas, ressaltou a falta de repasse do governo federal para melhorias no sistema.
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Na reunião, presidida por Pedro Eurico, secretário da STDH, vários problemas recorrentes no sistema foram apresentados. Falta de segurança, sucateamento dos trens e roubos de cabos foram os principais temas. Outro ponto de cobrança na reunião foi a colisão entre dois trens, que ocorreu no dia 18 deste mês, na estação Ipiranga.
Em sua defesa, o corpo jurídico do Metrô Recife ressaltou a falta de repasses financeiros do governo federal. Essa escassez de recursos leva o sistema metroviário a praticar o que eles chamam de ‘canibalismo de trens’, ou seja, a retirada de peças de alguns trens para que outros não deixem de operar.
A defesa afirmou que o sistema possui 40 trens, sendo que dos 25 antigos, 12 estão sem oferecer o serviço ao usuário e dos 15 novos trens que circulam na Linha Centro, quatro também estão sem operar. Walter Frederico Neukranz, advogado do Metrô Recife, salientou que a necessidade de recursos é imediata. “O metrô precisa, hoje, de aproximadamente de R$ 1 bilhão para sanar os problemas”, contou.
Walter também falou de outros problemas que o sistema sofre. “São 36 toneladas de lixo retiradas todos os meses de locais indevidos, como nos trilhos”. De acordo com o advogado, o usuário acaba quebrando elevadores e escadas rolantes, além de puxar as alavancas de emergência e descer indevidamente aos trilhos, correndo risco de choques elétricos ou ser atropelado.
O secretário Pedro Eurico deu ao Metrô do Recife um prazo de 10 dias úteis para respostas conclusivas aos problemas abordados na reunião. “Aqui vieram usuários, sindicatos, e todos reclamam de um serviço que precisa ser melhor prestado à população”, afirmou o secretário. De acordo com ele, a competência da STDH se dá através do Procon devido à relação de consumo entre o usuário e Metrô – “O usuário é quem está sendo prejudicado”, disse Pedro Eurico.
Pedro Eurico contou que a secretaria e o Procon traçarão um plano de segurança para as estações com foco na questão dos ambulantes e que a situação do metrô será levada ao Ministério da Infraestrutura, nome atual da antiga pasta Ministério dos Transportes.
O gerente de comunicação do Metrô, Salvino Gomes, ressaltou que a atual situação financeira do órgão impede melhorias nos trens. Salvino explicou que o sistema do Metrô do Recife sempre levantou as necessidades da companhia. “Aqui é o local oportuno para tirarmos as dúvidas da população. Lembrando que temos como premissa básica a segurança dos usuários, Infelizmente, nesta última década, sofremos um contingenciamento. O metrô não vive das tarifas pagas e, sim, da Lei Orçamentária Anual. São recursos insuficientes”, finaliza o gerente de comunicação.
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