Governo de SP admite reavaliar construção de estação do metrô por causa de impasse arqueológico

Folha de S. Paulo – O Governo de São Paulo admite reavaliar a construção da estação 14 Bis-Saracura, da linha 6-laranja do metrô, por causa do impasse envolvendo o resgate arqueológico no local, se as obras não forem autorizadas pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

Com apenas 14,6% de obras concluídas, a estação é a mais atrasada das 15 que irão compor a nova linha. É a única que não tem poço perfurado.

A 14 Bis-Saracura está no local em que ficava a antiga sede da escola de samba Vai-Vai no Bixiga, região da Bela Vista, no centro de São Paulo.

A empresa deu prazo máximo para finalização do resgate arqueológico e o início das escavações até o próximo dia 28. “Após essa data, qualquer atraso subsequente impactará o cronograma das obras, comprometendo, além da entrega da estação 14 Bis, a operação de outras estações”, diz, em nota.

Procurado duas vezes nesta quarta-feira (12) para falar sobre o andamento das investigações arqueológicas, o Iphan disse que apurava as informações, mas não respondeu até a publicação desta reportagem.

As escavações na futura estação foram parcialmente paralisadas em maio de 2023 após o encontro de cerca de 4.000 peças supostamente de origem do quilombo Saracura.

Segundo a concessionária, até o momento, todas as atividades de engenharia que podiam ser realizadas simultaneamente ao resgate arqueológico já foram concluídas.

As obras, aponta o o governo estadual, estão restritas a serviços essenciais para a segurança, como a construção de paredes de contenção para garantir a realização das escavações de forma segura.

Sem dar detalhes, em nota no início da noite desta quarta, a gestão Tarcísio de Freitas afirmou ter recebido um ofício do Iphan com novas orientações sobre o prosseguimento do resgate arqueológico na área.

“Caso nova decisão do Iphan de não liberar o resgate na área 4 não seja revertida, ou seja, se não for autorizada a liberação do local para o avanço das obras até o dia 28 de fevereiro de 2025, o Governo de São Paulo irá reavaliar a construção da estação 14-Bis de modo a evitar impacto no cronograma”, afirma a Secretaria de Parceria em Investimentos.

Questionado se iria liberar as escavações para perfuração do poço na data pedida —a estimativa é que a estação tenha 38,33 m de profundidade—, o Iphan diz apenas que que seus técnicos estão trabalhando no processo para cumprir a legislação, preservar o patrimônio cultural e o interesse público, “sempre atuando dentro prazos legais determinados pelas normas federais”.

De acordo com o governo, a data limite de 28 de fevereiro de 2025 para a liberação dos trabalhos é para que as etapas de escavação, desmontagem dos anéis dentro da estação e execução da laje de fundo sejam concluídas antes da instalação da via permanente [trilhos] e do sistema de energia.

“Caso esses serviços sejam executados dentro do túnel antes da desmontagem dos anéis, não será mais possível removê-los, inviabilizando a ligação da plataforma com o trem”, diz.

No último domingo (9), a foram encerradas as escavações da linha. Apenas a 14 Bis não conta com acesso ao túnel.

Anteriormente havia sido apontado, entre integrantes do próprio governo, que seria possível a construção da parada de metrô no futuro, mas tecnicamente não é.

O consórcio afirma ter apresentado recentemente um projeto de aceleração de obras e alternativas técnicas que contemplam a estação.

A linha vai ligar a Brasilândia, na zona norte de São Paulo, à estação São Joaquim, na região central, com expectativa de transportar mais de 630 mil passageiros por dia. Com isso, o tempo de deslocamento neste trajeto, que hoje é feito em cerca de uma hora e meia por ônibus, será reduzido para apenas 23 minutos.

O trecho entre Brasilândia e Perdizes tem previsão de entrega para outubro de 2026. A operação do traçado entre Perdizes e São Joaquim, onde fica a 14 Bis, é esperado para 2027.

Prometida inicialmente para começar em 2010, a obra sofreu uma série adiamentos e efetivamente teve início em 2015, com previsão de entrega em cinco anos depois. Porém, a construção acabou paralisada em 2016, sendo retomada em 2020 com a atual concessionária.

Houve ainda a interrupção inesperada de sete meses em parte dos trabalhos, quando uma cratera afundou o asfalto na marginal Tietê, em fevereiro de 2022, por causa do rompimento de uma tubulação de esgoto, que também inundou a tuneladora responsável pelas escavações.

Na última segunda-feira, o governo autorizou estudos para ampliação da linha com mais seis estações, sendo quatro a partir do centro: Aclimação, Cambuci, Vila Monumento e São Carlos/Parque da Mooca, já no início da zona leste, e Morro Grande e Velha Campinas na direção norte.

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2025/02/governo-de-sp-admite-reavaliar-construcao-de-estacao-do-metro-por-causa-de-impasse-arqueologico.shtml

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