Passagens em nível mais seguras

Sistema de segurança de cruzamento sem fio da Wabtec
Sistema de segurança de cruzamento sem fio da Wabtec

Sinalização inteligente, monitoramento avançado e novas soluções em pavimentação impulsionam as inovações

A transformação das passagens em nível no Brasil está em pleno curso, impulsionada por inovações tecnológicas que já estão reduzindo drasticamente os índices de acidentes nos cruzamentos das linhas férreas.

Entre os avanços mais recentes, o Grupo Boslooper destaca o PN Vision. Baseada num software de inteligência artificial, a tecnologia oferece sinalização ativa por meio de câmeras de vídeo, sensores doppler e semáforo de trânsito idêntico ao utilizado no modal rodoviário.

Em funcionamento desde 2021, o sistema opera da seguinte forma: quando o trem se aproxima do cruzamento, sensores doppler são acionados, fazendo com que o semáforo apresente sinal vermelho, ou seja, o veículo que estiver próximo precisa parar e aguardar a composição passar. Caso o motorista avance o sinal, câmeras instaladas no local conseguem verificar a placa do veículo e as informações são enviadas diretamente para a base de dados de quem adquiriu e está operando o sistema.

Segundo Alessander Boslooper, fundador do Grupo que leva seu sobrenome, a solução trouxe impactos significativos. “Esta tecnologia e o novo sistema foram instalados nas 10 PNs com maior número de acidentes do Brasil, reduzindo em 95% a quantidade de ocorrências.”

A Wabtec investe em uma camada adicional de proteção baseada em visão computacional e inteligência artificial associadas às iniciativas convencionais de PNs. “Entendemos que estas tecnologias permitirão antecipar a detecção de potenciais falhas, desvios operacionais e comportamentos inseguros, como um obstáculo obstruindo a via ferroviária”, explicou Percílio Menino, gerente de Produto PTC.

Atualmente, uma das soluções de destaque da companhia é o PTC Smart Crossing, também chamado de Wireless Crossing. Ele utiliza dados transmitidos em tempo real entre os ativos de campo, locomotiva e centro de controle.

“Entregando maior eficiência operacional e, consequentemente, elevando os níveis de segurança operacional, o PTC Smart Crossing se destaca por não demandar a instalação de circuitos de via, resultando em implantações mais ágeis e manutenção simplificada para as operadoras”, comentou Menino.

O sistema utiliza dados coletados diretamente da locomotiva para prever a chegada do trem a um cruzamento específico. Quando o Smart Crossing é ativado, a locomotiva mantém uma comunicação ativa, informando sua posição e velocidade, o que garante que os cruzamentos sejam acionados apenas quando necessário, reduzindo as longas esperas.

Referência no segmento de dormentes de plástico, a Wise desenvolveu um modelo de pavimento polimérico. Segundo o gerente comercial da Wise, Diego Gevaerd, as placas poliméricas são mais leves, o que reduz os custos de mobilização, e também são modulares, podendo facilmente serem removidas e aplicadas novamente.

Passagem em nível polimérica da Wise – Fotos: Divulgação

“Esta praticidade possibilitou enormes ganhos de manutenção dos ativos das PNs como esmerilhamento de trilhos e passagem de socadoras mecanizadas em PNs”, acrescentou.

Com a possibilidade de passagens de grandes equipamentos mecanizados, a manutenção dos ativos da PN consegue seguir o mesmo nível de manutenção das linhas principais. Isto evita o risco de descarrilamento de equipamentos rodantes. Outro fator de segurança é que o plástico não absorve umidade como o asfalto e nem é carregado pelas chuvas como a brita. Assim, o pavimento se mantém 100% em nível, evitando riscos de veículos ficarem presos nas PNs.

Desafios e soluções

Apesar do investimento contínuo para incrementar a segurança nas passagens em nível, a Wabtec destaca como maior desafio a conscientização da população. “Existem diversas medidas de segurança alertando a presença das locomotivas se aproximando, porém muitas vezes elas são ignoradas pelos pedestres e motoristas”, observou Menino.

Para lidar com essa situação, ele acredita nas soluções capazes de utilizar visão computacional e inteligência artificial. “Elas poderão antecipar informações de comportamentos inseguros, alertando o sistema de licenciamento para que ações de condução das composições possam ser tomadas com o objetivo de evitar acidentes.”

Já na Wise, o obstáculo é garantir o tráfego de vagões e equipamentos cada vez maiores e, ao mesmo tempo, conciliar segurança para veículos, pedestres e cadeirantes. “Nossa maneira de lidar é a escuta ativa com os operadores e, principalmente, com as comunidades”, afirmou Gevaerd.

Por sua vez, na Boslooper, a preocupação é voltada para a manutenção e a alta disponibilidade das PNs. “Entendemos que o sistema funciona com mais de 99,7% de disponibilidade e que a melhoria seria na falta de energia, que já temos uma solução. Porém, é necessário um pool de investimentos, que depende exclusivamente da demanda da concessionária. Estudamos outras tecnologias que podem a qualquer momento serem implantadas de acordo com a demanda do mercado”, contextualizou o empresário e especialista ferroviário.

Passagem em nível da Boslooper

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