O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo cobrou do governo estadual medidas em relação às obras paradas da linha 6-Laranja do Metrô da capital. Em documento enviado à Secretaria dos Transportes Metropolitanos, a Corte pede que se verifique a situação de abandono da linha.
A construção para conectar pelo sistema metroviária o Centro às zonas Oeste e Norte de São Paulo começou em 2015 e está parada há quase dois anos e meio. A reclamação que levou o TCE a pedir que sejam tomadas medidas partiu de moradores próximos às futuras estações.
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Em carta ao TCE, os moradores relataram “a situação de abandono das obras […], causando sérios problemas, desde o acúmulo de sujeita […] até problemas de segurança nas proximidades dos canteiros da obra”.
O Tribunal estabeleceu o prazo de 48 horas para que a pasta informe “quais providências de imediato” serão adotadas “com vista à superação das ocorrências relatadas”.
No terreno onde funcionará a futura estação Freguesia do Ó, na Zona Norte, várias caçambas acumulavam lixo nesta manhã. Nenhum funcionário trabalhava nas obras. Apenas vigias têm se revezado para evitar que vândalos entre no local.
Secretário diz que linha 6 é ‘pioridade’
O secretário dos Transportes Metropolitanos, Alexandre Baldy, explicou que a interrupção das obras de deu pelo envolvimento de empresas do consórcio responsável na operação Lava Jato, que desvendou esquema bilionário de lavagem de dinheiro e pagamentos de propina.
“As empresas que estavam comandando o Consórcio Move São Paulo são empresas que sofreram oriundas da operação Lava Jato. E a falta de capacidade, seja por motivo de avaliação de rating, [seja por motivo de] crédito, que o BNDES durante esse período não conseguiu estabelecer os empréstimos de longo prazo que eram necessários”, disse.
“Todas essas condições que eram imprevisíveis acabaram culminando na paralisação da linha 6. Todas as concorrências que desejamos realizar são internacionais, para que a gente possibilite que empresas, sejam para investir, sejam para construir, possam participar de qualquer parte do mundo, de modo transparente, claro, para que a gente consiga viabilizar. A linha 6 é nossa prioridade”, completou.
Mais de uma década
A novela da linha 6-Laranja começou há mais de uma década. As obras, no entanto, só tiveram início em 2015. Um ano depois, o consórcio responsável alegou que não poderia dar continuidade por falta de dinheiro. Em dezembro do ano passado, o contrato com o governo caducou. Desde então, o projeto não avançou.
A Secretaria de Transportes Metropolitanos também informou que vai responder à solicitação do TCE dentro o prazo estabelecido e que as áreas fora dos canteiros de obras são de responsabilidade da Prefeitura de São Paulo.
A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de São Paulo e aguarda resposta.
O BNDES informou que liberou mais de R$ 1,5 bilhão para o estado e para a antiga concessionária Move São Paulo e que existem mais de R$ 3,8 bilhões para serem liberados, mas que isso depende, além do reinício das obras, de análise sob ponto de vista técnico, jurídico e financeiro.
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