A MRS encaminhou à redação da RF na última segunda-feira, dia 21, uma carta sobre o projeto da FCA para a implantação de um terceiro trilho entre Barra Mansa e o Porto de Sepetiba (Veja nota “Vale vai construir silo no Porto de Sepetiba”). . A operadora afirmou que foram realizados estudos sobre a demanda e as viabilidades técnica, operacional e financeira que confirmaram a inviabilidade da alternativa. A companhia argumenta que “se, além da duplicação do trecho – já prevista nos projetos da MRS –, fosse instalado o ‘terceiro trilho’, a capacidade total de transporte da MRS, naquele trecho, seria reduzida pela metade”.
Isso porque, explica o presidente da MRS, Julio Fontana, “com o ‘terceiro trilho’, a velocidade máxima permitida seria substancialmente reduzida, afetando, pois, as operações ferroviárias e impactando a logística portuária em Sepetiba, Guaíba e no Porto do Rio de Janeiro, gerando atrasos e comprometendo, seriamente, as exportações e os interesses dos clientes e embarcadores”. Os túneis ferroviários da Serra do Mar, construídos à época do Visconde de Mauá, também são apontados pela MRS como outro fator a comprometer o projeto, visto que “impõem sérias restrições de gabarito para vagões, e notadamente no caso da instalação do referido ‘terceiro trilho’”.
De acordo com a nota, o projeto “implicaria inserção de uma estrutura estranha a bem arrendado à MRS, em função do contrato celebrado em 1996”. Fontana destacou ainda a necessidade da concordância da MRS para a instalação do terceiro trilho. “Isto é, para que a alternativa a que nos referimos fosse possível, seria necessária a anuência da MRS, que paga pela utilização dos ativos arrendados. O que nos parece estranho é que haja surgido proposta, de discutível viabilidade, que só considerou aspectos superficiais da questão”, disse ele.
Visando o atendimento da futura demanda de transporte de soja e seus derivados para o Porto de Sepetiba, a MRS considera, em seus estudos de expansão, um projeto alternativo. Segundo a empresa, o projeto é considerado de baixa complexidade e investimento, de rápida aplicabilidade e praticamente sem restrições operacionais. “Tal projeto se resumiria na construção de um terminal de transbordo de grãos à margem da linha ferroviária da MRS, em local apropriado, já disponibilizado, no qual seriam os vagões carregados e posteriormente transportados pela MRS, garantindo, assim, as demandas de clientes do agro-negócio e os investimentos previstos para o Estado do Rio de Janeiro, sem interferências em nossas outras operações de transporte”, explicou o presidente da MRS.
Procurada pela redação da RF, a Vale não quis se pronunciar sobre o assunto. Como noticiamos anteriormente, a intenção original da Vale era transportar a soja oriunda da região Centro-Oeste até Sepetiba sem transbordo ferro-rodoviário, trafegando pela linha da MRS. Mas, diante do impasse, a Vale declarou sua disposição de levar a soja para o porto em caminhões. A soja seria transportada pela linha da FCA até a cidade de Rio Claro, no bairro Getúlio, onde será construído um terminal de transbordo e de lá seguiria pela rodovia até Sepetiba.
Até o final do mês, a CVRD e a Companhia Docas do Rio de Janeiro devem anunciar o lançamento do projeto de construção do silo para o armazenamento da soja no Porto de Sepetiba. Com capacidade de dois milhões de toneladas/ano, demandará investimentos de R$ 90 milhões para a adaptação do terminal de minério, que passará a receber também o grão. O transporte de produtos agrícolas pela mineradora ultrapassou pela primeira vez o de produtos da cadeia produtiva do aço, representando 39,1% do total de 8,242 bilhões de TKU referente ao terceiro trimestre de 2005.
Veja a íntegra do comunicado da MRS
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