No próximo dia 28 a direção da Arcelor, segunda maior siderúrgica do mundo, vai apresentar a acionistas sua estratégia para manter a companhia européia com uma empresa independente, ou seja, longe do assédio da Mittal Steel, que fez uma proposta de fusão das duas empresas no fim de janeiro. “Vamos mostrar que o valor que a empresa está criando para seus acionistas excede, em todos os aspectos, a oferta hostil da Arcelor”, informou a empresa em comunicado ontem, durante a apresentação dos resultados de 2005.
A Arcelor também anunciou ontem que vai pagar dividendos a seus acionistas equivalentes a 768 milhões de euros – ou 1,20 euro por ação, quase o dobro do que foi desembolsado no ano fiscal anterior, 65 centavos de euro. O dividendo distribuído corresponde a 20% do lucro da empresa em 2005, que foi de 3,85 bilhões de euros (65% superior em relação ao ano anterior).
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“Isso (a distribuição generosa de dividendos) tende a ocorrer quando as empresas estão se defendendo de uma oferta. Elas querem mostrar que a situação sob sua atual direção é a mais positiva possível, afirmou Laurent Vallée, administrador de fundos da Richelieu Finance de Paris. Guy Dollé, presidente da Arcelor, rebateu. “O dividendo é normal e não faz parte de nenhuma estratégia de defesa”, disse. “A nossa melhor e mais forte estratégia de defesa são nossos resultados, além de mostrarmos o quão lucrativos e eficientes nós somos. “
Gonzalo Urquijo, diretor financeiro da Arcelor, afirmou que a siderúrgica pretende financiar a aquisição da canadense Dofasco, por 5,5 bilhões de dólares canadenses (US$ 4.8 bilhões), com empréstimos bancários existentes e recursos disponíveis em caixa. “Não pretendemos realizar nenhuma venda de bônus”, disse. A Arcelor prorrogou o prazo para a aceitação de sua oferta pela Dofasco até segunda-feira. Na quarta-feira, as autoridades reguladoras do Canadá aprovaram a tomada de controle acionário da Dofasco pela Arcelor. A Dofasco é a maior siderúrgica do Canadá e atende ao setor automotivo.
Enquanto sua maior rival, a Mittal, amargou uma queda significativa dos seus lucros, os ganhos da Arcelor subiram de 2,31 bilhões de euros para 3,84 bilhões de euros em 2005. A receita líquida do conglomerado foi de 32,61 bilhões de euros, um crescimento de 8% em comparação com 2004, de acordo com informações divulgadas ontem pela empresa. O lajida teve um salto de 29% e atingiu 5,64 bilhões de euros (com margem de 17,3%). As operações brasileiras responderam por 1,63 bilhão de euros da geração de caixa da empresa.
O bom desempenho da empresa deveu-se à consolidação dos ativos da Arcelor no Brasil, aos ganhos de produtividade, às sinergias geradas e ao bom mix de produtos, principalmente os de maior valor agregado. Vale lembrar que no ano passado a empresa reduziu em 3,5 milhões de toneladas sua capacidade de produção na Europa, que foi compensada, em parte, pela integração das usinas brasileiras.
A produção em 2005 foi de 46 milhões de toneladas (sendo a maioria, ou 32,9 milhões de toneladas, de aço plano). O volume de vendas ficou em 42,5 milhões de toneladas. O endividamento da empresa caiu de 2,51 bilhões de euros para 1,25 bilhão de euros.
No Brasil, grupo tem resultado 3% menor
O lucro líquido da Arcelor Brasil, que reúne Belgo Mineira, Cia. Siderúrgica de Tubarão (CST) e Vega do Sul, caiu 3% no ano passado, para R$ 3,35 bilhões, ou R$ 102 milhões menor ante 2004. O volume de vendas caiu 2% em 2005, somando 8,8 milhões de toneladas.
“Não foi um ano fácil”, comentou o diretor de relações com investidores da Arcelor Brasil, Leonardo Horta. “Mas conseguimos um resultado alinhado com o de 2004, o que mostra o acerto do plano estratégico baseado na complementação dos negócios.”
O lajida (geração de caixa operacional) também caiu 3,8%, atingindo R$ 5,052 bilhões. A receita líquida de vendas, no entanto, cresceu 7% em relação a 2004, somando R$ 13,341 bilhões.
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