A precariedade no sistema ferroviário é uma herança da privatização, ocorrida há 10 anos, lembra o superintendente de Transportes da Secretaria Estadual de Infra-Estrutura, Osvaldo Magalhães. “O modelo de privatização não obrigou o concessionário a realizar investimentos, só a reduzir acidentes e aumentar o transporte de carga”, diz.
Foi a partir de constatações como esta que o governo montou o Programa Estadual de Logística de Transportes da Bahia (Pelt Bahia), que identifica os gargalos no sistema de logística, transporte de carga e ainda aponta oportunidades de investimentos.
“O projeto do Tercam estava previsto como uma das oportunidades indicadas pelo Pelt. O potencial era grande de movimentação de cargas entre Camaçari e Paulínia, São Paulo”, garante Osvaldo Magalhães. Outros trechos também são ressaltados pelo programa.
O principal deles é o de construção da ligação ferroviária do município de Luís Eduardo Magalhães a Brumado, com cerca de 530 quilômetros e orçado em R$ 1,5 bilhão. “Acredito que essa obra será viabilizada em médio prazo, através de Parcerias Público-Privada”, comenta o superintendente.
Outro trecho que carece de aporte de recursos é a linha Juazeiro-Salvador, com 530 quilômetros, que necessita de requalificação da ferrovia e aumento da eficiência operacional. O investimento esperado é da ordem de R$ 150 milhões. Os contornos ferroviários de Candeias, Santo Amaro e Alagoinhas também estão gerando conflitos urbanos. As necessidades de investimento são calculadas em torno de R$ 60 milhões, diz Osvaldo Magalhães.
Considerado um dos maiores gargalos ferroviários do País, o trecho de 17 quilômetros de ferrovia, que liga Cachoeira à São Félix, está prestes a ser superado. Um convênio entre a prefeitura de São Félix e o governo federal, através do Dnit (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes), está viabilizando a construção de uma ferrovia, nova ponte e estação.
Com as obras, será reduzido de 1h30 para 10 minutos o tempo de percurso dos trens pelo local. Já a ponte D. Pedro II se tornará exclusiva para carros e pedestres. O projeto está orçado em R$ 100 milhões, dos quais R$ 30 milhões já estão garantidos para este ano. As obras para construção da estação começam ainda este semestre, com previsão de conclusão de todo o projeto em 2008.
Ferrovias são subutilizadas
Os novos investimentos da Companhia Vale do Rio Doce tentam suprir reivindicações de grandes clientes. Os usuários reclamam do alto custo das ferrovias e do tempo de duração das viagens. A Braskem, por exemplo, utiliza os serviços do Terminal Multimodal de Camaçari (Tercam) há cerca de dois anos para transportar de mil a cinco mil toneladas por mês de resinas termoplásticas de Salvador para Paulínia, em São Paulo.
“Poderíamos dobrar o volume da carga, mas o custo da ferrovia ainda não compensa”, comenta a diretora de suprimentos e logística da Braskem, Isabel Figueiredo. A empresa ainda utiliza o sistema de transporte rodoviário em 80% das vezes.
“Acreditamos nas ferrovias, esse é o futuro. Mas é preciso eliminar os gargalos para reduzir o tempo de trânsito”, ressalta. Enquanto uma carga, transportada via caminhão, leva três dias para chegar ao destino, pelo trem são 10 a 12 dias, compara Isabel.
O longo período de viagem é também o motivo que afasta a Caraíba Metais do Tercam. “O prazo médio dos nossos clientes é de três dias, enquanto pela ferrovia a viagem duraria de 10 a 15 dias”, explica o diretor comercial, Marco Martins.
Uma equipe da Caraíba irá visitar as instalações do Tercam nos próx
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