Ao fechar três meses de atividades, a Santa Fé Vagões deu como concluída a fase de implantação da fábrica de vagões em Santa Maria, na região central do Estado. Os trabalhos começaram no fim de dezembro com menos de 50 operários. Hoje, com 170, a produção passou de três vagões por mês para dois a cada dia.
O responsável pelo projeto que ressuscitou o antigo prédio da Rede Ferroviária Federal foi o engenheiro eletrônico e administrador Antonio Giudice, paulista de 57 anos. Ele garante que o investimento atingiu os objetivos das sócias no negócio, a América Latina Logística (ALL) e a Millinium.
Giudice assumiu em fevereiro a presidência da empresa. Nesta entrevista, ele conta como foi a implantação da fábrica e fala sobre o futuro do transporte ferroviário.
Agência RBS – Como está a produção, após três meses?
Antonio Giudice – A Santa Fé está correspondendo às expectativas dos acionistas. Hoje, temos 170 funcionários, 140 deles direto na produção, que é de dois vagões por dia e vem crescendo. A expectativa é chegar a mil vagões por ano a partir de 2007.
Agência RBS – Como foi o início, sem mão-de-obra treinada?
Giudice – No início, não havia nenhum vagão. Levamos um mês para fazer o primeiro, que foi praticamente um protótipo. Os primeiros 10 vagões foram entregues em 3 de março. Levamos um mês e meio para fabricá-los. A partir daí, a produção começou a deslanchar.
Agência RBS – Existe a perspectiva de contratação de mais operários?
Giudice – Aumentaremos o número de funcionários conforme a produção for crescendo. O começo foi mais lento porque tivemos de treinar o pessoal.
Agência RBS – A atual tecnologia implica redução no quadro de trabalhadores?
Giudice – Não em uma fábrica de vagões, é diferente de uma montadora de automóveis, que é toda robotizada. O vagão usa muita solda e exige mais mão-de-obra.
Agência RBS – A projeção de queda na produção de vagões em 2006 no país afeta a Santa Fé?
Giudice – Sim, mas temos de analisar os mercados. A Vale do Rio Doce (maior mineradora da América Latina) transporta de minérios e produtos agrícolas no norte do país. A ALL não transporta minérios. O setor ferroviário está crescendo, mas é preciso aumentar as linhas férreas, o que exige alto investimento e financiamento, que não está disponível. A perspectiva é de que a malha crescerá e aumentará o transporte.
Agência RBS – As exportações estão nos planos?
Giudice – Mercado para o setor ferroviário no Cone Sul existe, mas na América do Sul não é muito desenvolvido. A possibilidade de exportar existe, mas esse é um plano extra. A ênfase é o mercado interno.
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