Para civilizar São Paulo

Na última terça-feira, dia 11 de abril, aconteceu a primeira reunião da AD-TREM, a Agência de Desenvolvimento do Trem Rápido Entre Municípios.  Ajudei a criar o grupo, que vem a ser um lobby —no bom sentido – para promover a reintrodução do trem interurbano de passageiros no Brasil. A reunião foi num hotel em São Paulo, já que a Agência ainda não tem sede. Estavam lá os fabricantes de trens, as empreiteiras, os consultores e um representante do governo de São Paulo. Aí alguém perguntou assim: “E se depois de construirmos a linha e inaugurarmos o trem as pessoas continuarem usando o automóvel?”.

Pergunta incômoda, principalmente porque ainda não existe resposta. Há muitos anos não há mais trens de passageiros no Brasil – com exceção dos trens urbanos e de dois trens da Vale. E ninguém sabe ao certo o que vão fazer as pessoas que moram em Campinas e vão todos os dias de carro para São Paulo, por exemplo. Vão trocar o seu espaço privado, a sua bolha, por uma poltrona de trem?  Pelos cálculos da Secretaria de Transportes Metropolitanos de SP, indo de  trem elas levarão aproximadamente 50 minutos entre o centro de Campinas e a estação de Barra Funda, perto do shopping West Plaza, em São Paulo. De carro levam hoje uma hora mais o tempo que a marginal permitir. Mas a diferença de tempo não basta. Se fôssemos seres racionais, como nos definimos, estaríamos pressionando nossos governos para fazer mais trens, e não trocando nossos automóveis por jipões.

Existe a tese de Cláudio Senna, ex-secretário de Transportes Metropolitanos de São Paulo, que quem dirige carro não vai para o coletivo nem que a vaca tussa. E hoje a STM-SP estima que, na melhor das hipóteses, só 33 % dos automobilistas vão usar o Expresso Bandeirante — o trem São Paulo -Campinas — contra 91 % dos passageiros de ônibus regulares e 59 % dos ônibus fretados. Ainda assim serão 43 mil passageiros por dia útil, o bastante para justificar o empreendimento.


Quando isso vai mudar, só Deus sabe. São Paulo tem hoje dois habitantes por veículo, 150 km por dia de engarrafamento e qualidade de vida em queda. E embora todos reclamem, os paulistanos são surpreendentemente tolerantes diante do desconforto. De modo que pode piorar muito mais ainda. Ou então pode ser que um trem, um primeiro trem moderno, correndo a 160 km/h, seguro e pontual, sirva de efeito-demonstração para uma vida mais civilizada.


*Gerson Toller é jornalista e diretor da Revista Ferroviária.

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Fonte: Folha de São Paulo

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