O presidente do Porto de Suape, Matheus Antunes, afirmou ontem que a implantação da refinaria deve ter sido o diferencial que fez com que a Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN) decidisse acabar primeiro o ramal da Transnordestina que vem para Suape. A Transnordestina é uma ferrovia de 1.860 quilômetros, que sai de Eliseu Martins, no Sul do Piauí, e segue até Salgueiro, onde se divide em dois ramais, um que vai até Suape e o outro para o Porto de Pecém, próximo à Fortaleza.
A polêmica ocorreu porque anteontem o diretor administrativo da CFN, Jorge Melo, disse que a empresa pretende concluir o ramal da Transnordestina que vem para Suape em 2010, três anos antes de acabar o ramal que chegará ao Porto de Pecém. No entanto, o trecho de 110 quilômetros nos quais as obras já foram iniciadas (que vão de Salgueiro, no sertão de Pernambuco, a Missão Velha, no sertão cearense) estão no ramal que vai de Salgueiro a Pecém. “Ninguém entende porque a CFN começou as obras pelo ramal que será concluído por último”, comentou Antunes.
Ele defendeu que, com a implantação da refinaria, Pernambuco passa a ter uma carga de retorno, que fará com que o trem da Transnordestina siga com carga para o interior. “A refinaria vai produzir diesel e coque de petróleo. O primeiro terá que ser interiorizado e o segundo deverá ser consumido por empresas instaladas em Caruaru e no Sertão do Araripe”, argumentou.
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O lançamento da pedra fundamental da refinaria que vai se instalar em Suape ocorreu no dia 16 de dezembro do ano passado. Na época, foi anunciado que o empreendimento seria bancado pela Petrobras e pela Petróleos de Venezuela (PDVSA), o que lançou alguma dúvida sobre o futuro do empreendimento. No entanto, diretores da Petrobras já afirmaram que se a PDVSA não definir a sua participação acionária na refinaria, a estatal brasileira fará a implantação do empreendimento.
LICITAÇÃO – Antunes informou também que a estatal continua trabalhando na licitação para escolher as empresas que vão operar quatro terminais de granéis sólidos no Porto de Suape. Desses terminais, dois seriam destinados à movimentação de grãos (um para importação e outro para exportação) e dois para granéis sólidos, que podem ser minérios, coque, cimento, entre outros. A CFN está interessada em arrendar um terminal de grãos para exportação no Porto de Suape. O projeto da Transnordestina prevê a construção de dois terminais de grãos, um em Suape e outro em Pecém.
A Transnordestina custará R$ 4,5 bilhões, sendo que somente R$ 1 bilhão será bancado pela CFN, que detem a concessão para explorar o serviço ferroviário no Nordeste. Mais de R$ 3 bilhões sairão do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE), do extinto Fundo de Investimentos do Nordeste (Finor) e também de empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A expectativa da CFN é que a primeira liberação ocorra dentro de três semanas, e seja um empréstimo de R$ 100 milhões do BNDES que serão usados para fazer os projetos de engenharia.
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