Com a queda nas encomendas de vagões ferroviários registrada neste ano e a previsão de intensificar-se em 2007, a Randon, empresa gaúcha que entrou nesse mercado há pouco mais de dois anos, alterou a sua linha de produção do material para fabricar semi-reboques e, assim, mudar o foco de seus negócios sem realizar grandes investimentos.
“Como não possuímos uma fábrica exclusiva para vagões, podemos fazer a virada de linha em menos de uma semana, trocando apenas os gabaritos e mantendo a mesma mão-de-obra”, diz Norberto Fabris, diretor executivo da Randon. Ele conta que a estratégia da empresa ao entrar no negócio ferroviário era diversificar as áreas de atuação da companhia — a Randon é tradicional fabricante de implementos rodoviários. “O Brasil tem a matriz de transportes focada na rodovia.
Como poderia haver uma mudança na matriz, fincamos o pé no segmento ferroviário. Agora atuamos nas duas áreas, com uma estrutura na fábrica bem simples de mudar”, diz. A empresa iniciou a produção de vagões em 2004, com apenas 100 unidades. Em 2005 e neste ano, foram 600 unidades, de acordo com Fabris. E a expectativa é de que a empresa registre uma forte redução em 2007. “O mercado está bastante complicado. Não temos nenhum pedido em carteira, mas estimamos a produção de 200 vagões no ano que vem”, diz.
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Quando a Randon começou a fabricar vagões, o mercado se encontrava aquecido, após passar anos sem grandes resultados. De acordo com dados do Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários (Simefre), em 2002 a indústria produziu 294 vagões, saltando para 2,02 mil no ano seguinte. Em 2004 o número subiu para 4,3 mil, alcançando o recorde em 2005, quando foram produzidos cerca de 7 mil vagões. Mas o mercado neste ano já encontrou forte redução. “Devemos chegar a 4 mil unidades em 2006. Em 2007 a queda será ainda mais acentuada. Talvez não cheguemos nem a 1,5 mil vagões”, diz Oberlam Calçada, diretor do departamento ferroviário do Simefre.
Fabris, da Randon, explica que a queda ocorrerá porque as concessionárias supriram as suas necessidades nos últimos anos. “Existem basicamente três empresas que compram vagões no Brasil: a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), a América Latina Logística (ALL) e a MRS Logística , e elas estão com as suas atuais necessidades atendidas”, diz. A estratégia da Randon, segundo ele, será a de buscar negócios no mercado externo.
Rodoviários
Se a produção de vagões se manteve estável este ano, em relação ao ano passado, e as expectativas são pessimistas, o mesmo não se pode dizer dos implementos rodoviários, principal negócio da empresa. “Crescemos cerca de 6,5% em volume e 7% em faturamento, e esperamos mais 6% de aumento nas vendas em 2007”, diz Fabris. O segmento tem impulsionado o crescimento da empresa este ano. De janeiro a novembro, a receita líquida consolidada da Randon Implementos e Participações totalizou R$ 1,87 bilhão, resultado 5,1% superior ao registrado em igual período do ano passado.
O executivo da Randon explica que, como houve uma queda acentuada na demanda do setor graneleiro por conta da pouca rentabilidade na safra deste ano, a empresa teve que diversificar a sua produção, entrando em negócios com produtos de maior valor agregado. “Todo mundo foi buscar outras linhas. A procura por basculantes foi grande, assim como a demanda dos setores sucroalcooleiros, de varejistas, fabricantes de automóveis e linha branca”, diz.
Novos mercados
Mesmo com as margens baixas por causa do câmbio desfavorável, as exportações da companhia estão em expansão. “Ampliaremos a atuação na América do Sul, Central, Caribe, África e Oriente Médio”, conta Fabris. Ele argumenta que o real valorizado não pode parar o processo de buscar novos mercados, afinal investe-se muito em estrutura, construção de centro de serviços, dentre outras coisas. “Nós fomos obrigados a nos adaptar aos atuais patamares do dólar.
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