Os trens de passageiros podem começar a sair do papel a partir do ano que vem, viabilizados principalmente por investimentos de bilhões de reais no modelo de parcerias público-privadas (PPP). O Expresso Aeroporto e o Expresso Bandeirantes, dois dos projetos mais adiantados, ligariam a capital paulista aos aeroportos de Cumbica e Viracopos, respectivamente, desafogando o fluxo de Congonhas.
Ao contrário de países de dimensões continentais como Estados Unidos, China e Rússia, o Brasil não conta com um eficiente transporte ferroviário de passageiros. “O País, nos anos 1950 com o estímulo à indústria automobilística, fez uma opção e privilegiou o modal rodoviário de transporte”, explica Guilherme Rehder Quintella, presidente da Agência de Desenvolvimento de Trens Rápidos entre Municípios (ADTrem). Mesmo após as privatizações do setor, aponta Quintella, não houve o desenvolvimento do transporte ferroviário de passageiros porque esta é uma atividade que pressupõe a participação do governo, uma vez que a atividade não é, por si só, lucrativa para a iniciativa privada.
As PPPs, neste contexto, seriam o modelo de negócio considerado o ideal pelo setor para a viabilização de projetos de trens para passageiros. O projeto Trens Regionais de Média Densidade, que conta com o patrocínio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), prevê a construção e operação de 30 trechos de norte a sul do País. As linhas teriam até 200 quilômetros de extensão e atenderiam municípios com pelo menos 100 mil habitantes.
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Além da ADTrem e o do banco de fomento, outras entidades fazem parte do projeto: Ministério dos Transportes, Ministério das Cidades, Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer) e Sindicato Interestadual de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários (Simefre).
No Estado de São Paulo, o projeto identifica pouco mais de mil quilômetros com potencial para serem explorados por trens de passageiros, divididos em cinco trechos. Destes, o Expresso Aeroporto é o que está mais próximo de virar realidade.
“Esperamos iniciar o processo de licitações já em 2007”, afirma o presidente da ADTrem. A obra, orçada em US$ 497 milhões, faria a integração do Terminal Barra Funda com o Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos.
O trajeto seria feito em 20 minutos do ponto de partida ao destino final, sem estações intermediárias. O número de passageiros é calculado em 20 mil por dia até 2010 — podendo chegar a 55 mil/dia com a inauguração de outros três terminais – e as passagens teriam um custo de R$ 17,6.
As empresas interessadas em participar da PPP para o Expresso Aeroporto têm até 27 de abril para encaminhar suas propostas para a Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos (STM). “No mundo, existem hoje 170 projetos para este tipo de trem sendo analisados e todos eles são obras que começarão do chão”, conta Quintella, acrescentando que existem de 15 a 20 empresas interessadas em participar destas PPPs aqui no Brasil.
O Trem Expresso Bandeirantes é outra obra que tende a contar com a participação da iniciativa privada para viabilizar investimentos da ordem de R$ 2,7 bilhões no período de 2007 a 2010. A interligação de São Paulo e Campinas por trens terá uma extensão de 92,3 quilômetros e levará 50 minutos para completar o trajeto, que parte da Barra Funda, faz uma parada em Jundiaí e termina em Campinas. A previsão é de que a demanda de passageiros seja de 55 mil pessoas por dia em 2010 e chegue a 89 mil em 2040. O estudo de viabilidade identificou um fluxo de 106 mil pessoas entre as duas cidades em 2004. Se o trem não for construído, em 10 anos o sistema rodoviário entre as cidades estará saturado e demandará pesados investimentos para suprir uma alta de 8% ao ano no fluxo de passageiros de 2010 a 2040.
A ADTrem estuda também uma linha de trem de passageiros entre o Rio e São Paulo. A
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