A América Latina Logística (ALL) quer conquistar clientes dos setores siderúrgico, florestal e de construção civil para alavancar as operações com cargas industrializadas em São Paulo, principal pólo industrial do País. A empresa, que passou a atuar na região com a compra da Brasil Ferrovias, em maio de 2006, pretende investir, em parceria com clientes, na reativação de ramais que não estavam sendo usados e na adaptação de vagões para o transporte. Dos cerca de 3 mil vagões que compõem a chamada frota morta da Brasil Ferrovias, 800 podem ser usados para levar para cargas industriais.
“Embora atuasse numa área industrial, a operação da Brasil Ferrovias era exclusivamente ferroviária e predominantemente agrícola. Queremos chegar a um equilíbrio entre commodities e industrializados, a exemplo do que já ocorre no sul do País”, afirma Alexandre Campos, diretor de industrializados.
Hoje o principal contrato de industrializados nessa região é com a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) do grupo Votorantim, com a movimentação de 80 mil a 100 mil toneladas por ano, de acordo com o executivo. “Temos uma participação mínima em industrializados até o Porto de Santos. A partir do próximo ano vamos viabilizar operações com contêineres” diz Campos.
O executivo não revela a estimativa de movimentação de cargas industriais em São Paulo para 2007, mas diz que o objetivo é priorizar fluxos mais rentáveis, de maiores volumes, preferencialmente ferroviários e com cargas de retorno de importação, como aço, por exemplo.
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De acordo com dados da ALL, na área da antiga Brasil Ferrovias, que abrange os estados de São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, foram movimentados 1,54 bilhão de TKUs (toneladas por quilômetro últil) de cargas industriais no ano passado. A receita com essas operações totalizou R$ 152,6 milhões. O volume de commodities agrícolas, no entanto, é bem mais expressivo. Foram de 7,73 bilhões de TKUs, com faturamento de R$ 672,3 milhões.
Para fazer frente ao aumento da demanda, a ALL informa que planeja investir R$ 500 milhões em 2007 na malhas sul e norte (da antiga Brasil Ferrovias). Os recursos serão aplicados em melhorias na via permanente, locomotivas e tecnologia.
A compra da Brasil Ferrovias pela ALL foi aprovada com restrições pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). No último dia 18, o conselho condicionou a aprovação do negócio à assinatura, no prazo máximo de 60 dias, de um Termo de Compromisso de Desempenho (TCD) que fixará metas de eficiência das malhas ferroviárias. Foi estabelecido um prazo de quinze dias, a contar do dia 19, para submeter ao conselho uma minuta de acordo com as metas a serem cumpridas.
A ALL terá que informar, por exemplo, quantidades de produtos que podem ser transportadas pelas referidas malhas, num determinado tempo, sem elevação de preços. Ao adquirir por R$ 1,4 bilhão em ações a Brasil Ferrovias, que abrangia as concessões da Ferroban, Ferronorte e Novoeste, a ALL chegou ao centro-oeste – Mato Grosso e Mato Grosso do Sul – e a todo estado de São Paulo. A ALL, que opera um total de 21 mil quilômetros de linhas férreas, encerrou 2006 com receita bruta consolidada de R$ 1,466 bilhão. Considerando-se também a receita da Brasil Ferrovias, esse valor sobe para R$2,291 bilhões.
Em 2006, o volume industrial movimentado pela ALL como um todo aumentou 9,2%, puxado principalmente por um crescimento de 21,9% dos fluxos intermodais , destacando-se siderúrgicos (37%), contêineres (22,6%) e florestais (22,1%). Nos fluxos exclusivamente ferroviários, a companhia registrou crescimento de 2,6%, com aumento de 11,1% no segmento de construção e 4,1% na movimentação de combustível.
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