Especialistas defendem a ampliação do transporte ferroviário de contêineres no Porto de Santos para atender os novos terminais que serão instalados na Margem Esquerda (Guarujá). Para eles, a medida vai impedir a criação de novos gargalos na infra-estrutura do complexo.
A necessidade de encontrar uma nova forma para a chegada dos cofres ao porto deverá surgir a partir da implantação de dois novos terminais para contêineres nas áreas atualmente ocupadas pelas favelas de Conceiçãozinha e Prainha, ambas em Guarujá. Lá, a Codesp pretende abrir licitação para arrendar os dois espaços e, consequentemente, remover aproximadamente 2,5 mil famílias residentes no local.
De acordo com o consultor portuário Marcos Vendramini, os dois futuros terminais terão de priorizar o recebimento de contêineres por trilhos. A idéia é descentralizar esse transporte das rodovias, dividindo de maneira menos desigual o volume escoado pelo Porto de Santos.
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Segundo dados da MRS Logística, 95 mil TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés) dos 2,4 milhões de TEUs movimentados no complexo foram trazidos pelos seus trilhos, os principais a acessarem as entradas do porto. O restante chegou por rodovia.
“Se eu fosse implantar um terminal de contêiner hoje, eu ampliaria a participação na matriz ferroviária. Eu conversaria com as concessionárias das linhas férreas porque aumentar o transporte ferroviário significa impedir a saturação do rodoviário”, sugeriu Vendramini.
Ressaltando que a destinação das duas áreas em Guarujá para movimentação de contêineres foi acertada, Vendramini afirmou que haverá a necessidade de remodelar os ramais ferroviários que dão acesso ao porto, particularmente os túneis que descem a Serra do Mar. “Hoje, as composições só conseguem trazer um contêiner, quando nos Estados Unidos elas movimentam dois, mas empilhados. Os nossos túneis não permitem essa passagem”, analisou.
EFICIÊNCIA
Também para o diretor técnico do Instituto Nacional de Desenvolvimento Portuário (Indesp), Fernando Vianna, o destaque ao sistema ferroviário para o transporte das unidades é fundamental para garantir a eficiência dos terminais. Entretanto, até a implantação das duas novas instalações o porto deverá concentrar esforços na construção da avenida perimetral de Guarujá, que facilitará o acesso aos terminais da cidade.
Ex-presidente da Codesp, Vianna também apontou como prioridade para atender os novos terminais a ampliação da profundidade do Canal do Estuário. “Se o porto cresce em áreas, novas linhas (de navegação) vão chegar ao porto. Esse aprofundamento é o ideal. Tem que ser muito bem pensado porque Santos tem um potencial enorme. E a ferrovia tem que ter papel importante”, sinalizou, ao elogiar a reserva das duas áreas para os cofres, o que garante maior valor agregado às movimentações.
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