O projeto da Transnordestina poderá ganhar um “empurrão” com a parceria da empresa chinesa Citic – terceira maior companhia do país. No próximo dia 20, o vice-presidente da empresa, Xu Fei, estará em Pernambuco para conhecer melhor o projeto e discutir a associação com a Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN). A parceria foi negociada pelo governo do Estado, que não é sócio do projeto, diante da demora da CFN em viabilizar a obra. A operação iniciada pelo governo foi autorizada por carta pela CFN, que é a concessionária da sucateada malha ferroviária do Nordeste.
“Se a CFN concordar com a associação com a Citic, a idéia é que num prazo máximo de 90 dias seja definido o papel de cada empresa na Transnordestina”, diz o secretário de Desenvolvimento, Fernando Bezerra Coelho. Ele conta que há cerca de 45 dias o governo vinha sugerindo à diretoria da CFN a entrada de um sócio para garantir fôlego ao empreendimento, que vem sofrendo constantes atrasos. Durante missão à China o governador Eduardo Campos assinou, em Pequim, um memorando de entendimentos com a Citic e a trading Comexport para criar um grupo de trabalho e estudar a parceria. A CFN não enviou representante à missão.
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A diretoria da CFN foi procurada pelo JC para comentar a parceria com a Citic, mas os executivos da empresa não deram retorno. Em visita ao governador Eduardo Campos, em abril, o presidente da CFN, Tufi Daher Filho, prometeu iniciar as obras do trecho Salgueiro-Suape em um ano. O governo já vinha criticando a lentidão no ritmo do projeto. Hoje, só está em obra o trecho Salgueiro-Missão Velha (CE).
“Os chineses são grandes importadores da soja brasileira e têm interesse na expansão da malha ferroviária nacional para baratear o produto”, destaca Bezerra Coelho. Com experiência na construção de ferrovias, na elaboração de projetos, em mercado financeiro e em obras de infra-estrutura, a Citic pode financiar a Transnordestina, além de fornecer equipamentos como trilhos, vagões, locomotivas e sistemas elétricos.
A Citic integra outras obras no Brasil, a exemplo da expansão da térmica a carvão de Candiota, no Rio Grande do Sul, avaliada em US$ 427 milhões e no projeto de construção da Siderúrgica do Atlântico, no Rio de Janeiro, controlada pela empresa alemã Thyssen Krupp. Orçada em R$ 4,5 bilhões, a Transnordestina, projeto que remonta ao século 19, será financiada com recursos da CFN (R$ 1 bilhão) e federais, com desembolso do BNDES, Fundos de Investimentos do Nordeste (Finor) e de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE).
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