Respondendo a indagação do senador Delcídio Amaral (PT-MS), presidente da Subcomissão Temporária da Regulamentação dos Marcos Regulatórios – que debateu em audiência pública o marco regulatório do setor ferroviário – o diretor-executivo da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), Bruno Batista, disse que o frete rodoviário cobrado no Brasil é aviltantemente barato. Daí a dificuldade de uma ampliação maior do transporte de carga através de ferrovias.
Delcídio Amaral havia perguntado se o crescimento registrado nos últimos anos no transporte de carga ferroviário devia-se à diversificação de cargas transportadas ou ao aumento da produção de minérios, já que as mineradoras são os principais clientes das ferrovias. Bruno Batista observou que para haver maior homogeneidade entre os transportes rodoviário e ferroviário no Brasil, seria necessário o governo federal investir pesado na infra-estrutura ferroviária.
O diretor técnico da Associação Nacional dos Usuários do Transporte de Cargas (ANUT), Renato Voltaire Barbosa Araújo, classificou o transporte de cargas rodoviário como predatório. O caminhoneiro virou um mendigo com um caminhão velho, comparou Renato Voltaire.
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Já o relator substituto, senador Valter Pereira (PMDB-MS) opinou que o fato do setor ferroviário estar sendo regido apenas através de atos normativos gera insegurança para os investidores. O diretor executivo da Associação Nacional dos Transportes Ferroviários (ANTF), Rodrigo Vilaça, concordou e disse que ao invés da coletânea de legislação aplicável às ferrovias que existe atualmente, o setor precisa é de um marco regulatório amplo.
Outro assunto que foi debatido na audiência pública foi a possibilidade de o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financiar a implantação de um trem-bala ligando o Rio de Janeiro a São Paulo. O diretor da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Noboru Ofugi, lembrou que há alguns anos trabalhou em um estudo semelhante que concluiu que não seria atrativo para a iniciativa privada bancar o projeto.
– Construir um trem rápido ligando Rio e São Paulo seria interessante, mas depende de uma política de governo. Em raríssimos segmentos do mundo o sistema ferroviário de passageiros se auto-sustenta – afirmou Noboru Ofugi.
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