Anunciado para este mês, o fim da circulação de trens de carga na ferrovia que corta a zona urbana da Cidade só ocorrerá, no mínimo, em fevereiro do ano que vem. A MRS Logística, que divulgou o prazo inicial com base na construção de uma linha férrea entre o Perequê (Cubatão) e o Valongo (Santos), não levou em conta as adaptações necessárias ao transporte de mercadorias nas duas margens do porto por outra concessionária, a América Latina Logística (ALL).
O coordenador de Relacionamento com o Porto da ALL, Sandro Silveira Souza, explicou que será preciso reformular os pátios ferroviários de quatro pontos – um em Cubatão, dois em Vicente de Carvalho e um em Santos. Os pátios são bolsões para manobra e estacionamento de vagões.
Os trabalhos começaram há cerca de 30 dias. Apenas após a entrega do terceiro trilho (os outros dois são a malha já existente que chega ao porto e a linha urbana usada hoje, entre Samaritá, em São Vicente, e o Estuário), a ALL poderá concluir as alterações e eliminar a passagem de trens pela Cidade.
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O terceiro trilho terá bitola (largura) de um metro, adequada às composições de empresas como ALL e Ferrovia Centro-Atlântica (FCA). Ficará em cima de um trecho de 14 quilômetros de trilhos já existentes, com 1,60 metro de bitola, usados pela MRS – que cobrará direito de passagem pelo uso da nova linha.
O presidente da MRS, Júlio Fontana Neto, confirmou que a linha Perequê-Valongo ficará pronta em 4 de setembro. Sua utilização deverá começar entre novembro e dezembro, de acordo com Souza.
Tal perspectiva se baseia no volume de tráfego no percurso Samaritá-Estuário. Por dia, passam quatro vagões cheios e quatro vazios. Os cheios deixariam de circular nos próximos três ou quatro meses, graças ao terceiro trilho. Mas, com a necessidade de ampliação de outras linhas para o retorno dos vagões vazios, estes continuarão a cortar o Município no próximo meio ano. A ALL deverá gastar R$ 20 milhões nas intervenções.
EM TEMPO
Essa situação não afetará o projeto do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), cujo primeiro trecho será aberto entre a Área Continental de São Vicente e o Estuário. O início das obras está previsto para o segundo semestre de 2008.
A linha férrea urbana pertence à Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Em compromisso firmado em resolução da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), ficou acertado que a ALL – à qual a CPTM cedeu a ferrovia – a devolverá assim que tiver como usar o terceiro trilho.
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