O delegado Fábio Pacífico, responsável pela investigação do acidente envolvendo dois trens que matou oito pessoas e deixou 101 feridas na estação de Austin, em Nova Iguaçu, revelou que o maquinista da composição de passageiros admitiu em seu depoimento que estava acima da velocidade permitida no momento do acidente. Em entrevista à Rádio CBN na manhã desta quinta-feira, o delegado afirmou que o funcionário estaria cerca de 20km/h mais rápido do que deveria estar quando colidiu com outro trem.
– Foi uma imprudência do maquinista e uma negligência do controlador que acabou resultando nessa tragédia – disse, confirmando que os dois realmente teriam sido os culpados do acidente, como indica o laudo realizado pela SuperVia e divulgado na terça-feira.
De acordo com o delegado, o maquinista Norival Ribeiro do Nascimento e do controlador de tráfego Edson Assunção Filho devem realmente ser apontados como os culpados, mas eles deverão responder ao crime em liberdade, uma vez que não teriam tido a intenção de matar ninguém. Pacífico afirmou que já está perto de concluir o inquérito policial, e aguarda a prova técnica que será divulgada em breve pelo Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE).
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Ferroviários decidem intensificar operação padrão
Depois de divulgar o laudo que aponta o maquinista e o controlador como como responsáveis pelo acidente, a SuperVia anunciou a demissão por justa causa dos dois. De acordo com a empresa, eles teriam cometido uma série de cinco erros que teram causado o acidente. Em resposta, o Sindicato dos Ferroviários decidiu na noite da quarta-feira intensificar a operação padrão iniciada dias após o acidente. De acordo com o presidente dos Sindicato dos Ferroviários, Valmir Lemos, o agravemento da operação deve gerar, inicialmente, atrasos até 15 minutos no sistema da SuperVia.
Valmir Lemos afirmou ainda que pretende questionar judicialmente a decisão da SuperVia, e disse que já tem em mãos um relatório com novas denúncias sobre as condições da malha ferroviária. O documento será enviado para a polícia e para o Ministério Público.
– Nós estamos entrando com um ação no MP questionando a decisão porque os companheiros estão de licença médica, e não poderiam ser demitidos. Além disso, nós estamos também questionando a comissão e este pseudo laudo, porque o laudo foi feito por representantes da empresa – disse Valmir.
Os ferroviários também decidiram realizar uma passeata na segunda-feira da Central do Brasil à Assembléia Legislativa, no Centro, em protesto à demissão dos dois funcionários. Na próxima terça-feira, os ferroviários farão uma nova assembléia para decidir se haverá paralisação ou não.
No dia do acidente, um trem com cerca de 800 passageiros se chocou com uma composição em testes que seguia no sentido contrário, entre as estações de Austin e Comendador Soares.
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