O sistema de áudio dos trens que colidiram na Baixada Fluminense do Rio na última quinta-feira estava fechado no momento do acidente. Por causa disso, as caixas-pretas de ambas as composições não contêm informações de diálogo entre os maquinistas e os controladores, o que ajudaria a esclarecer as razões do acidente.
A Supervia informou ontem que tem por praxe só abrir o áudio das cabines dos trens quando há solicitação dos maquinistas ou dos controladores, o que normalmente ocorre quando o sistema detecta alguma falha. O Sindicato de Ferroviários da Central do Brasil diz que a companhia infringe as normas internacionais, que recomendam o áudio sempre aberto.
A informação de que não há gravações de diálogos foi dada por técnicos da Supervia ao titular da 58ª DP (Posse), Fábio Pacífico, que investiga o caso, durante visita do delegado ao Centro de Controle de Operações da companhia, ontem.
Segundo o presidente do Sindicato dos Ferroviários da Central do Brasil, Valmir de Lemos, a prática, embora comum nos trens da Supervia, não está de acordo com as recomendações internacionais. “O certo é o áudio estar sempre aberto. É praxe internacional, mas na Supervia o áudio normalmente funciona fechado.”
Questionada pela Folha, a Supervia informou que só explicará por que mantém seu sistema de áudio fechado no próximo dia 10, quando sai o laudo sobre o acidente que está sendo feito por uma comissão de técnicos da companhia. O delegado Fábio Pacífico disse continuar a investir na hipótese de falhas humanas e operacionais.
“Não houve produção de áudio nos dois casos porque ele só é aberto quando há algum problema no sistema”, declarou o delegado após a visita à Supervia, feita junto com seis peritos do ICCE (Instituto de Criminalística Carlos Éboli). Na visita, os peritos tiraram dúvidas técnicas sobre o funcionamento do sistema de operação dos trens. As conclusões serão divulgadas no laudo do ICCE, que sai em 26 dias.
O processo de negociação das indenizações pela Supervia começa hoje. Ontem, a companhia divulgou um telefone (0800-7269494) para o qual os parentes devem ligar. Ela disse que vai negociar caso a caso.
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