A multinacional francesa Alstom, que fatura US$ 14,2 bilhões no mundo, vai voltar a produzir equipamentos para a geração de energia a partir da biomassa no Brasil. São máquinas que se utilizam do bagaço da cana-de-açúcar ou de outros materiais para se obter energia. Ao Valor, Philippe Joubert, presidente mundial da divisão Sistemas de Energia, explicou que a unidade de Taubaté (SP) deverá receber os aportes necessários para que a fabricação seja retomada a partir de 2009. O projeto, informa o executivo, não se limitará ao mercado brasileiro. A decisão é global. “Nunca raciocino um negócio para um único país. Sempre o encaro como uma iniciativa mundial”, afirma o executivo.
Joubert explica que somente poderá iniciar as atividades em 2009 porque é justamente neste ano que vence a quarentena imposta ao grupo francês. A Alstom já fabricou esse tipo de equipamentos, mas resolveu negociar a divisão no início da década com a alemã Siemens.
No entanto, a decisão de abrir os cofres não se limitará ao Brasil. Mesmo não revelando números, o presidente mundial dessa divisão garantiu que nos próximos cinco anos a Asltom vai pôr em funcionamento três fábricas na Ásia, que deverão ser instaladas na China e na Índia, e outra no Estados Unidos. “Na Ásia, serão operações que fabricar equipamentos para a obtenção de energia a partir do carvão e da matriz hidráulica. Já nos Estados Unidos, a fábrica será para atender a futura demanda nuclear”, afirma.
Na avaliação de Joubert, não há mais como o mundo ignorar o carvão e a fonte nuclear como alternativas. “Hoje, é difícil encontrar quem acredite na solução única de geração a partir dos ventos, como alguns tinham anos atrás”, afirma. Nessa linha de raciocínio, o executivo da Alstom não tem a menor dúvida que a Inglaterra vai construir usinas nucleares num prazo de até uma década, depois de sentir na pele os efeitos da dependência do gás russo. Mas não é só nisso que ele se apóia na hora de incluir o carvão e a energia nuclear como parte da solução futura para a crescente demanda por energia. Joubert lança mão mesmo é das projeções de crescimento da demanda mundial pelo insumo. Segundo ele, entre meia e uma década o mundo precisará acrescentar algo como 185 gigawatts na oferta por ano. Número bem diferente do observado entre 2000 e 2005, quando a oferta global de energia subiu anualmente perto de 140 gigawatts.
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“Esse aumento decorrerá fundamentalmente da China e da Índia, já que nos próximos 10 anos metade do mercado de instalações de equipamentos estará por lá”, afirma. Ainda nessa linha de raciocínio, Joubert faz questão de ressaltar que a vocação brasileira é a matriz hídrica, mas “mais cedo ou tarde o país fatalmente recorrerá aos megawatts nucleares”.
Por todas essas características, o executivo não tem a menor dúvida que a demanda do setor de energia estará alta nos próximos anos. Além de assistir a um crescimento na Ásia, Joubert revela também que a Europa e os Estados Unidos vão precisar trocar boa parte dos seus equipamentos geradores, que além de antigos, não atendem as novas exigências ambientais. E com todas as letras, ele detalha que esse maquinário europeu ou americano não é mais compatível com os novos patamares de emissão de poluentes. “A emissão de gás carbônico é um assunto verdadeiramente mundial. E a pressão internacional por produtos que sejam responsáveis energeticamente poderá provocar uma adesão às novas tecnologias”, acredita.
De fato, a situação não é nada confortável no setor elétrico. Isso, porque a geração de megawatts é responsável por 40% da emissão global de gás carbônico, o que em outras palavras significa despejar 12 bilhões de toneladas por ano na atmosfera. E a situação poderá ficar ainda pior. Até 2030, acredita-se que o setor elétrico poderá alcançar a marca histórica de emissão de 20 bilhões de toneladas por ano.
É justamente sob essa perspectiva que a Alstom anda investimento centenas de milhões de eu
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