A greve nos transportes da França, que paralisa o sistema ferroviário do país há nove dias, parecia estar chegando ao fim nesta quinta-feira. Segundo a SNCF, que opera os trens do país, 42 dos 45 sindicatos locais que se reuniram hoje votaram pela suspensão da paralisação para dar chance às negociações.
” É só a forma de ação que está mudando, a determinação dos trabalhadores ferroviários está intacta “
O impasse político representou o maior desafio para o presidente Nicolas Sarkozy desde que ele tomou posse, em maio, com a promessa de reformas. O governo afirmou que a greve, que já dura nove dias, custou à economia até 400 milhões de euros por dia.
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
“É só a forma de ação que está mudando, a determinação dos trabalhadores ferroviários está intacta”, disse Daniel Tourlan, do sindicato CGT, em Marselha.
Segundo a RATP, autoridade de transportes de Paris, as votações indicam a tendência pela volta ao trabalho. Após a retomada das negociações sobre a reforma previdenciária, 70% dos ônibus e 75% do metrô da capital da França estavam funcionando – um grande avanço em relação aos últimos dias.
A opinião pública tem ficado do lado do governo na disputa, mas a preocupação com o aumento do custo de vida fez com que a administração temesse que os protestos se generalizassem. O pico da manifestação foi na terça-feira, com a greve dos funcionários públicos.
Os estudantes também reforçaram os protestos, reclamando das reformas universitárias, que poderiam levar à privatização. Os sindicatos ferroviários devem manter as negociações por pelo menos um mês, e só uma grande organização trabalhista, a Sud Rail, pediu que seus integrantes continuem parados.
Sarkozy já prometeu que não vai ceder no principal ponto da disputa, a eliminação de um privilégio que permitia a alguns trabalhadores dos setores de transporte e energia se aposentar com renda total 2,5 anos antes que a maioria dos outros trabalhadores.
Mas o SCNF ofereceu algumas concessões, como a inclusão de pagamentos de bônus no cálculo da aposentadoria e aumentos de salários para quem está próximo de se aposentar. Líderes sindicais afirmam que já houve algum progresso.
Assine O Globo e receba todo o conteúdo do jornal na sua casa
Seja o primeiro a comentar