O aquecimento da economia em 2007, que garantiu o lucro líquido consolidado de R$ 173,4 milhões, 30% a mais do que em 2006, também permitiu ao grupo Randon iniciar 2008 com o pé no acelerador. Como reflexo da demanda, a carteira de pedidos de implementos rodoviários (reboques e semi-reboques para veículos pesados) já alcança de quatro a seis meses de produção, ante a média histórica de 45 a 60 dias para esta época do ano, disse ontem o diretor corporativo e de relações com investidores, Astor Schmitt. No ano passado, foram produzidas 20,3 mil unidades, aumento de 33,4%, ante os 29% do setor no país.
Conforme o executivo, a Randon também está se preparando para um aumento mais acentuado nos custos de produção em 2008, o que exigirá ajustes nos preços dos produtos finais. Em 2007, a “cesta básica” de insumos do grupo, que opera ainda nos segmentos de autopeças, sistema automotivos e veículos especiais, permaneceu quase estável, com alta em torno de 1%, mas neste ano a variação deverá ser maior devido ao impacto, na cadeia de suprimentos, dos aumentos de commodities como minério, aço, alumínio, petróleo, petroquímicos e energia.
“Há um cenário de pressão inflacionária”, admitiu Schmitt. Ele não revela os possíveis reajustes, mas as tabelas deverão sofrer correções nos principais segmentos de atuação do grupo. Outra medida para reduzir o impacto dos custos será o aumento das importações de insumos e peças como aços especiais da Escandinávia, derivados de alumínio dos Estados Unidos e do Uruguai, pneus e rolamentos da China e eixos de transmissão dos EUA e da Europa. Segundo ele, as compras no exterior devem alcançar US$ 85 milhões, ante US$ 65 milhões em 2007 e US$ 59 milhões no ano anterior.
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Além da manutenção da forte demanda por implementos para transporte de cargas, tanto agrícolas quanto industriais, o grupo conta com o crescimento da produção das montadoras de veículos pesados nos mercado internos e externos para impulsionar o desempenho das controladas do setor de autopeças. As encomendas de vagões ferroviários, que pararam em 2007, estão retornando e já há 60 unidades programadas pela ALL para o primeiro bimestre.
A receita líquida consolidada, que cresceu 25,2%, para R$ 2,53 bilhões, é estimada em R$ 2,8 bilhões em 2008. Já a receita bruta total (sem eliminações de vendas entre controladas e coligadas) é projetada em R$ 4 bilhões, ante R$ 3,59 bilhões no ano passado. As exportações devem avançar de US$ 235 milhões para US$ 250 milhões, puxadas principalmente pela Europa, América Latina e África, que devem cobrir com alguma folga a esperada desaceleração dos Estados Unidos, entende Schmitt.
Os investimentos previstos são de R$ 250 milhões, 27% superior. Cerca de R$ 50 milhões são remanejados de 2007 devido atrasos em alguns projetos, como o da fundição, que deve começar a operar em meados de 2009. No mesmo ano, a Randon pretende colocar em operação um banco próprio, com capital inicial de R$ 25 milhões, para financiar clientes, fornecedores e concessionários, disse David Randon, vice-presidente. A autorização já foi pedida ao Banco Central.
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