A Universidade Braz Cubas (UBC) e a Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), que juntas mantêm 27 mil alunos matriculados nos campi da Cidade, defendem a vinda dos trens espanhóis do Expresso Leste até o Município, conforme havia prometido o então candidato ao comando do Palácio dos Bandeirantes e atual governador de São Paulo, José Serra (PSDB).
Recentemente, o governador demonstrou a intenção de não cumprir a promessa trazendo para a Cidade o chamado Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), uma espécie de bonde modernizado que ainda não foi instalado em nenhum outro ponto do País, com exceção de Campinas. Neste município foram investidos R$ 192 milhões para instalação do sistema, iniciado em 1991 e desativado em 1995 por falta de passageiros. No período, a manutenção do VLT custava outros R$ 700 mil de prejuízos ao mês. Em visita a Mogi em meados do mês passado – e depois de muita pressão da população – Serra voltou atrás e disse que os mogianos, em audiência pública marcada para junho, escolherão entre os trens espanhóis e os bondes modernizados.
“A UMC é favorável e se alia à luta da população da Cidade para que o trajeto do Expresso Leste seja estendido até a Estação dos Estudantes, um serviço mais do que merecido. É um meio de transporte que oferece rapidez, conforto e segurança aos passageiros. Historicamente a vinda dos estudantes de São Paulo para aulas na UMC sempre esteve associada ao uso do trem e a extensão do Expresso Leste seria extremamente benéfica aos nossos alunos”, afirma Jesus Carlos Paredes González, vice-reitor da UMC, onde estudam em Mogi das Cruzes 14 mil pessoas.
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O mesmo é defendido pelo pró-reitor administrativo da UBC, com 13 mil estudantes, Saul Grinberg.
“O Expresso Leste é uma excelente opção para o aluno que mora na Grande São Paulo, pois este depende de um transporte bom, de qualidade e acessível, conforme nosso prefeito Marco Bertaiolli nos explicou. Este transporte tem o nosso total apoio”, disse.
Segundo o Governo do Estado, a instalação do VLT eliminaria os muros da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), o que preocupa González. “Em termos de segurança, a retirada dos muros exigiria um esforço muito grande na reeducação da população, para evitar que o convívio com a nova situação possa gerar insegurança a todos”. Grinberg fica apreensivo pelo mesmo motivo. “Infelizmente estamos longe deste sonho, que é dispensar os muros. Temos pessoas imprudentes que podem morrer atropeladas nos trilhos, sem contar a alta possibilidade de ocorrer vandalismo”.
O projeto do VLT prevê a parada em semáforos para que os carros passem. Profissionais de engenharia, como já foi publicado por O Diário, consideram que priorizar o transporte individual em detrimento ao coletivo é um retrocesso. O mesmo pensam os representantes das instituições de ensino.
“A melhoria do transporte coletivo é uma obrigação e deve constar em qualquer programa de governo. O transporte coletivo deve ser, sempre, priorizado”, afirma González.
Grinberg segue linha semelhante de raciocínio. “Para mim, Mogi deveria receber um metrô. Como não dá, a segunda opção seriam os trens espanhóis. Em Nova Iorque os executivos andam de trem. Aqui a falta de qualidade não permite isso. A falta de investimentos em transporte coletivo trouxe altos congestionamentos. Para ir a São Paulo, saio de Mogi às 4h50 para chegar somente às 8 horas. Tem trânsito até na Rodovia Ayrton Senna (SP-70)”, diz.
Todas as cidades cortadas pela linha férrea tiveram os cruzamentos entre trilhos e tráfegos de automóveis substituídos por viadutos ou túneis, com exceção de Mogi. Foi o que aconteceu em Ferraz, Poá, Suzano e Guaianazes. A instalação de viadutos ou túneis seria imprescindível, ao menos é o que argumenta o Governo do Estado, para que Mogi das Cruzes pudesse receber as modernas composições espanholas do Expresso Leste, que hoje param em Guaianazes.
“A eliminação das cancelas é uma medida que precisa ser tomada rapidamente para que o trânsito não entre em colapso”, diz González.
Afirma o mesmo Grinberg. “Historicamente nossos governantes não estiveram em consonância com o Governo Federal e Estadual para obter investimentos, mas acredito que isso mude com o prefeito Marco Bertaiolli (DEM). Para mim, as cancelas revelam uma mentalidade do passado”.
Outra preocupação é a de que o VLT, menor que os trens de subúrbio, não consiga atender à demanda em horários de pico. “Pelas características divulgadas, o VLT poderia ser utilizado como meio complementar de transporte ou outra finalidade”, afirma o representante da UMC.
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