Inaugurada em 1926, a Estação Barão de Mauá já viveu dias bem melhores. Nem mesmo o valor histórico e cultural, que justificou seu tombamento em 1991 pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), livrou a construção de ganhar um “puxadinho”. Para aproveitar o piso e o teto de uma das quatro plataformas de embarque, a Secretaria estadual de Transportes autorizou, há cerca de duas semanas, a concessionária metrô Rio a levantar paredes e formar salas para abrigar provisoriamente a Escola Nacional de Circo.
Ontem, o Inepac informou que está sendo negociada a demolição dos acréscimos. Nenhuma autorização havia sido solicitada ao órgão estadual de patrimônio.
Segundo o secretário de Transportes, Julio Lopes, o “puxadinho” é temporário. Ele explicou que a escola, que funcionava na Praça da Bandeira, mudou de lugar por causa das obras da estação Cidade Nova do metrô, que deve ser inaugurada até o final do ano.
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— Como estamos com urgência para inaugurar a obra do metrô, aproveitamos o teto e o chão da plataforma para realocar a escola. Aquilo era um cimentado sem uso e sem nenhuma característica. Em janeiro, todos os acréscimos serão demolidos e tudo ficará exatamente como antes. Não haverá qualquer dano — garantiu o secretário.
O Grupo Fluminense de Preservação Ferroviária, que reúne oito entidades que lutam pela manutenção da memória do setor, enviou no dia 25 de junho um documento à Procuradoria Geral da República, solicitando a proteção da construção.
— Não somos contra o circo, mas isso poderia ter sido feito de outra maneira. A estação é um bem tombado e tem que ser respeitado — disse Luiz Octavio Oliveira, da Associação Fluminense de Preservação Ferroviária.
Hoje, 50% da estação pertencem ao governo do estado, representado pela Central Logística, e os outros 50% estão ligados à esfera federal e em fase de transferência para o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
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