Uma fábrica de vigas pré-moldadas, funcionando 24 horas, permitirá a produção em série das vigas que serão utilizadas nas obras de extensão da linha 1 da Trensurb (RS), que liga a capital gaúcha a cidade de Novo Hamburgo. A obra está sendo executada pelo Consórcio Nova Via, formado pelas empresas Norberto Odebrecht, Andrade Gutierrez e Toniolo Busnello.
Para o diretor-presidente da Trensurb, Marco Arildo, a inauguração da fábrica é de extrema importância por conferir um ritmo mais acelerado à obra, que hoje é referência para o setor metro-ferroviário no Brasil. “Estamos muito otimistas quanto ao cumprimento do prazo de conclusão estabelecido no início das obras. Como estamos sendo questionados sobre a viabilidade da construção da Linha 2 da Trensurb para a Copa do Mundo de 2014, queremos mostrar – através do exemplo de Novo Hamburgo – que isso é possível”, declara Arildo.
“Para que possamos cumprir o prazo da execução da obra em três anos, optamos pela construção através de pré-moldados de concreto, que são preparados em um único ambiente, um local fechado e que não depende das condições climáticas, e transportados até o local. Isso confere um ritmo acelerado e industrial à obra”, explica o Diretor do Projeto pelo Consórcio Nova Via, Nilton Coelho.
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No próximo mês será inaugurada também a fábrica de lajes pré-moldadas, ao lado da estrutura de produção das vigas. Toda a parte fabril em uma área de 27 mil m², que permite a preparação de três vigas de 58 toneladas ao mesmo tempo, que são movimentadas por pórticos de grande porte. Para execução total da obra serão necessárias em torno de 1.100 vigas, que devem ser produzidas em 14 meses. A estimativa de ritmo de operação é de três vigas produzidas por dia.
Produção de vigas
A fabricação de vigas e lajes inicia com a limpeza da forma externa e interna e a pintura com o desmoldante, agentes utilizados para que a peça moldada seja retirada do molde com facilidade. Em seguida, é feita a colocação no interior da forma de toda a ferragem (estruturas de ferro que dão forma às vigas e lajes) de uma só vez para as três vigas que serão produzidas no dia, já com os cabos de proteção dispostos no interior da ferragem. Essa estrutura de ferros é pré-montada ao lado da forma e transferida para o interior da mesma através de nove talhas com três toneladas de capacidade cada uma. Com a ferragem no interior da forma, é feito o posicionamento e passagem dos 34 cabos de protensão – artifício utilizado para introduzir, numa estrutura, um estado prévio de tensões, de modo a melhorar sua resistência ou comportamento – através da cabeceira do chassi de protensão e são colocadas as cunhas e cavilhas que farão o travamento desses cabos. Após isso, é feita a protensão dos cabos, ou seja, eles são tracionados, através de um macaco especial, com 20 toneladas cada um, e é posicionada e travada a forma interna da viga. A partir deste momento, é realizado o preenchimento da forma com o concreto que é usinado nas dependências da fábrica.
Após uma hora é iniciado o processo de “cura a vapor”, em vapor de água é conduzido por tubos que passam pela forma e mantém aquecido e úmido o concreto e aceleram ainda mais o processo e cura do concreto -conjunto de medidas que tem por finalidade evitar a evaporação prematura da água necessária para a hidratação do cimento, que é responsável pelo endurecimento do concreto – que se desenvolve durante toda a noite. Pela manhã, são rompidos os corpos de prova que comprovam a resistência atingida pelo concreto, cortados os cabos de protensão que ainda unem as vigas ao chassi de protensão e entre elas. É feita, então, a desforma, ou seja, é retirada a forma interna e são retiradas as vigas através dos dois pórticos de 30 toneladas. Essas vigas são transferidas para fora da fábrica e deslocadas lateralmente para o estoque no pátio através de um equipamento que se desloca sobre trilhos de nome Fischiettis, onde aguardam o momento de serem lançadas no elevado ferroviário. O processo é reiniciado com a limpeza das formas e a pintura das mesmas com o desmoldante.
Mais sobre a obra
A obra de expansão da Trensurb de São Leopoldo até Novo Hamburgo teve início em fevereiro deste ano. Serão 9,3 km construídos, incluindo quatro novas estações e reurbanização das áreas ao entorno. Diariamente cerca de 35 mil pessoas deverão circular somente pelas quatro novas estações. O Governo Federal está investindo R$ 700 milhões no projeto que prevê a contratação de 1.200 trabalhadores diretos para execução da obra e irá gerar mais de 3.000 empregos indiretos. A previsão inicial da finalização da obra de quatro anos será antecipada pelo Consórcio Nova Via, que prevê a conclusão em um prazo médio de três anos.
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