Desde que o serviço de alta velocidade AVE – Alta Velocidad Española – foi inaugurado em 2008, uma viagem de 520 km entre Barcelona e Madrid, que tomava seis horas de carro, pode ser feita, hoje, em duas horas e 38 minutos.
Dois anos atrás, 90% das seis milhões de pessoas que faziam este percurso optavam pelo modal aéreo. Agora, os passageiros escolheram tomar o trem de alta velocidade, e este número ultrapassou as viagens de avião.
Esta mudança tem significados políticos e econômicos para a Espanha, que como todo país pertencente à União Européia, pretende reduzir a emissão de gases poluentes em 20% num período de 10 anos. Analistas dizem que as emissões por passageiros de TAV são ¼ daquelas emitidas por aviões e automóveis.
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“Desde o dia que este trem foi inaugurado, nunca mais coloquei meus pés em um avião”, disse Carlos Martinez, 31, advogado que viaja entre Barcelona e Madrid duas vezes por semana. “Por que as pessoas pensariam em voar?”
As passagens do AVE custam tanto quanto as de qualquer companhia aérea – de US$ 164 a US$ 273 só de ida, ou US$ 218 a US$ 410, embora as passagens compradas antecipadamente podem ser bem mais baratas. Os trens oferecem poltronas reclináveis, local para notebooks, filmes, fones de ouvido, comida de qualidade, etc.
“Isto está realmente mudando os paradigmas de transporte em todo o continente europeu”, disse Josep Valls, professor de marketing da Esade Business School de Barcelona. Outras linhas do AVE conectam Madrid com Sevilha e Málaga.
Para muitos fãs do AVE, simplesmente não haverá uma volta para o modal aéreo. Os passageiros não sentem falta alguma dos atrasos e os check-in feitos nos aeroportos. Os bilhetes ferroviários lembram os passageiros para embarcarem dois minutos antes de o trem sair, e a única medida de segurança é um scanner que vistoria as grandes bagagens.
“Posso chegar à estação 10 minutos antes do trem partir”, disse Rafael Fernández, gerente de logística da empresa Fujitsu. “Isso mudou minha maneira de viajar”, complementa.
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