Figueras, cidade espanhola conhecida pelo seu Museu Salvador Dali, será diretamente conectada à Paris, via TGV, o trem de alta velocidade de Alstom. Os TGV diários entre Paris e Perpignan, na França, serão prorrogados até a Espanha, ou seja, serão 45 km a mais de TGV rumo ao Sul do país. Porém, enquanto se espera a construção do trecho entre Figueras e Barcelona, que ficará pronto entre 2012 e 2013, os países estão em fase de testes.
Cruzar a fronteira de Pirineus, entre França e Espanha, envolve homologar o material rodante francês na Espanha sobre a infraestrutura da TPFerro (nova linha ferroviária entre Figueras e Perpignan), realizar um acordo entre maquinistas para garantir segurança dos trens nos túneis e a mudar a política de bilhetagem. A Renfe, operadora estatal espanhola, tem que estabelecer uma relação amigável com Barcelona para oferecer um melhor serviço ferroviário nas vias clássicas.
A nova estação de passageiros, chamada Alt Empordà, está em construção desde Outubro de 2009. As viagens entre Paris-Barcelona demoram hoje 7 horas e 15 minutos em um sentido, e 7 horas e 30 minutos no outro, são uma solução temporária de alta velocidade. Neste intervalo, estão sendo aguardadas futuras conexões diretas de 5 horas e 35 minutos, a partir de 2012 e 2013, que serão operadas pela SNCF.
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
- SP nos Trilhos: os projetos ferroviários na carteira do estado
“Os espanhóis há muito tempo esperavam por uma conexão com a França. Este é o sentimento ecoado pela imprensa espanhola, que compara a não conclusão do trecho entre Montpellier e Perpignan à situação do lado da Espanha, onde há rupturas físicas devido às diferentes bitolas”, disse Pascal Brice, cônsul da França em Barcelona. A diferença de bitolas será resolvida assim que finalizar o trecho Barcelona-Figueras, em 2012. Resta apenas um acordo entre o TGV e o AVE, o que não é tão simples.
Os dois países possuem o hábito de reservar passagens, mas o AVE é um produto mais sofisticado (30% mais caro) do que o TGV, que prevê uma política de volume de “gerência de rendimento”.
As negociações sobre repartição de receita entre as duas empresas, e a competência de ambas continuam em andamento. Embora mais do que na Alemanha ou Itália, onde as relações sempre tiveram duplo sentido, parece que há uma vontade sincera em franceses e espanhóis cooperarem entre si. Mas no caso da Espanha, como é sua primeira experiência real de parceria estrangeira, há um receio em continuar o projeto por muito tempo, devido à magnitude de uma empresa como a SNCF dominar seu território.
As perspectivas que ligam as duas mais belas cidades da Europa são promissoras. Quatro milhões de franceses vão à Barcelona, partindo não somente de Paris. As conexões entre Barcelona e Perpignan (45 minutos), Barcelona e Lyon (2 horas e meia), ou as conexões entre Espanha e Marselha, tem capacidade para convencer os viajantes a deixarem de tomar aviões ou carros para tomarem o trem. “Estou surpreendido com a riqueza da Espanha, com a quantidade de linhas de TGV que se constrói!”, disse com certa amargura Josep Piqué, presidente da operadora aérea de baixo custo, Vueling.
Seja o primeiro a comentar