Os investimentos programados para o setor ferroviário prometem dar um novo fôlego aos sistemas de transporte de cargas e passageiros sobre trilhos em território brasileiro. Estimativas preveem que, até 2014, poderão ser investidos nas ferrovias brasileiras R$ 71 bilhões, 270% mais que o investido de 2004 a 2008.
Prova de que o setor está aquecido é o fato de que para este ano está prevista a produção de 2.500 vagões, contra 1.022 em 2009; entre 500 a 550 carros de passageiros serão fabricados neste ano, enquanto em 2009 o volume foi de 438. E no que se refere a locomotivas, entre 60 a 70 sairão das fábricas; no ano anterior, apenas 22 foram fabricadas, segundo dados da Abifer (Associação Brasileira da Indústria Ferroviária).
Em contrapartida, mesmo com tantos recursos sendo alocados para este segmento da economia o Brasil continua importando os trilhos utilizados nestes projetos. Porém, recentemente, Mirian Belchior, subchefe de articulação e monitoramento da Casa Civil, destacou que o “País tem que começar a produzir trilhos de trem e parar de trazer este produto de outros países”.
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Segundo ela, essa retomada na produção é uma determinação do presidente Lula, que considera um absurdo o Brasil ter de importar trilhos. Para se ter uma ideia, a aquisição deste tipo de produto fechou 2008 com um recorde: 170 milhões de dólares, valor mais de sete vezes acima do registrado em 1997.
E a probabilidade é que este número continue crescendo. De acordo com o PNLT (Plano Nacional de Logística e Transportes), criado pelo Ministério dos Transportes, a meta é incluir na rede ferroviária quase 20 mil quilômetros de novos trilhos até 2025.
“Antes, somente se importava para reposição. Agora, há tanta demanda que é possível que as empresas voltem a se interessar por fabricar trilhos no Brasil”, argumenta Welber Barral, secretário de comércio exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Vicente Abate, presidente da Abifer, aponta que a retomada da produção destes produtos seria muito positiva para o País. “Haveria geração de empregos e dependeríamos menos de empresas estrangeiras”, aponta.
Procurado pela reportagem, o IABr (Instituto Aço Brasil) – entidade que reúne empresas com potencial para a produção de trilhos: as siderúrgicas – afirma que o País ainda não possui demanda que justifica a retomada deste tipo de fabricação.
“Até 1996, a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) manteve laminador para produção de trilho ferroviário. A produção foi descontinuada porque não havia procura que justificasse sua manutenção”, afirma a entidade por meio de posicionamento enviado por sua assessoria de imprensa.
E finaliza: “a capacidade miníma para implantação de um laminador deste tipo é da ordem de 500 mil toneladas. Hoje, o Brasil ainda não tem mercado suficiente que justifique investimentos em um novo laminador para produção de trilho ferroviário”.
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