A gigante Vale, maior produtora de minério de ferro do mundo, inaugurou neste domingo uma mina de carvão em Moçambique. Este é o maior investimento estrangeiro já feito no país africano, num total de 1,7 bilhão de dólares.
“A Vale comemora a abertura da mina de carvão de Moatiza, na província moçambicana de Tete, antes de iniciar as atividades de sua usina de beneficiamento”, informou a companhia em um comunicado.
O presidente de Moçambique, Armando Guebuza, e o presidente executivo da Vale, Roger Agnelli (que deixará o cargo em breve), presenciaram a cerimônia de inauguração da mina, próxima à cidade de Tete, no noroeste do país.
A Vale planeja começar a produção no país africano de língua portuguesa apenas em julho, mas já espera exportar cerca de um milhão de toneladas de carvão e alcançar a marca de 11 milhões de toneladas produzidas por ano em pouco tempo.
As autoridades de Moçambique esperam que a nova mina aumente o PIB do país em 6,5%.
As reservas minerais do país africano estavam inexploradas desde sua independência de Portugal, em 1975. Depois, houve a guerra civil que começou em 1975 e se estendeu até 1992, quando a economia e a infraestrutura do país estavam destruídas.
Levou quase duas décadas para que Moçambique voltasse a atrair investimentos externos para a extração mineral, com a esperança de um novo impulso na economia. Entretanto, ainda há dúvidas sobre o escoamento da produção devido à precariedade dos transportes.
A concorrente australiana Riversdale, associada ao grupo Tata, também deve iniciar suas atividades em Moçambique ainda este ano, em uma mina de carvão próxima. O objetivo do grupo é de produzir 6 milhões de toneladas por ano até 2016, pouco mais da metade do que a Vale espera extrair.
Moçambique também assinou um terceiro acordo de exploração de carvão com o grupo indiano Jindal Steel and Power, que prevê uma produção anual de 11 milhões de toneladas a partir do ano que vem, quando inaugurar a mina.
Apesar de tantas boas notícias, o país africano ainda precisa melhorar muito sua infraestrutura de transportes. A reconstrução da linha ferroviária que liga os 600 km entre a zona de mineração e o porto Beira, no oceano Índico, não está terminada. Por isso, as autoridades planejam rever a licitação da indiana Ricon. O terminal portuário também não está pronto.
De qualquer maneira, a linha só terá condições de levar 8 toneladas de carvão por ano, sendo seis produzidas pela Vale e as outras duas pela Riversdale – muito abaixo da meta de ambas.
A Vale tem investido em outra ferrovia, que ligará Tete a Nacala, ao norte, o único porto de águas profundas do país.
A empresa brasileira financiou a construção do primeiro laboratório farmacêutico para produzir medicamentos contra o HIV, porém foi criticada por deslocar 1.300 famílias para a instalação da mina.
Um relatório do Centro de Integridade Pública afirma que as novas casas eram diferentes do modelo que havia sido aprovado, não têm a fundação adequada e os telhados apresentam infiltrações.
Agnelli, que deixará o cargo no próximo mês, quando será substituído por Murilo Ferreira, segue com o projeto desde que a Vale conseguiu a concessão, sete anos atrás.
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