A principal obra de Manaus em mobilidade urbana para a Copa de 2014 está tão atrasada que já corre o risco de ser excluída da lista oficial de investimentos prioritários para o transporte de torcedores e turistas que assistirão aos jogos do Mundial de futebol. Isso significa que o monotrilho de Manaus perderá as condições privilegiadas de financiamento para sair do papel.
Assim como o monotrilho, também estão atrasadas as obras do Bus Rapid Transit (BRT), que é de responsabilidade da prefeitura de Manaus. O BRT é um transporte coletivo sobre pneus integrado à rede de corredores e linhas de ônibus. Os investimentos previstos para os dois empreendimentos chegam a R$ 562 milhões, segundo relatório do Ministério do Esporte.
Pela previsão do governo federal, a obra dos 20,2 quilômetros de monotrilho – espécie de metrô de superfície – começaria em outubro deste ano e seria entregue em maio de 2013. A realidade é outra: a obra ainda nem foi licitada. Recentemente, em uma das tentativas de licitação, a única proposta habilitada foi desclassificada pelo preço superfaturado.
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
Hoje começa a segunda rodada de reuniões para avaliação da execução das obras de mobilidade da Copa de 2014. O caso mais preocupante é justamente o de Manaus. Na quinta-feira, será a vez de os representantes do Estado do Amazonas e do município de Manaus tentarem reverter a situação em encontro.
Restante em 2015. No máximo, o governo do Estado do Amazonas só vai conseguir entregar uma parte do monotrilho até a Copa. Segundo o secretário de Planejamento do Estado, Marcelo Lima Filho, a primeira etapa da obra pode vir a entrar em funcionamento em maio de 2014.
Lima Filho calcula que, com ajuda financeira e rapidez na nova licitação, pode vir a entregar 17 km do trecho total de 20,2 km. O restante ficará para até 2015.
O monotrilho terá a capacidade de atender até 170 mil pessoas/dia, com redução do tempo médio de deslocamento dos passageiros em até 1 hora em relação ao tempo de percurso da atual frota de ônibus. “Vamos entregar em duas partes. A primeira entra em funcionamento em maio de 2014 e o restante, em 2015. O trecho restante não fará falta na Copa”, afirmou.
A avaliação do governo federal é de que o empreendimento não estará pronto dentro do que foi previsto. Pelo cronograma acordado entre os governos federal, estadual e municipal, as obras que não estiverem licitadas até o final de 2011 serão excluídas.
Na avaliação do secretário de Planejamento do Amazonas, a perspectiva é de que o processo licitatório esteja concluído até o fim deste ano. Ou seja, pelo menos por enquanto, dentro do prazo estabelecido pelo comitê. “Não vejo porque excluir a obra”, afirmou Lima Filho. Ele disse ainda que, nos últimos 45 dias, um dos entraves para viabilizar a obra, político, foi superado.
O governo do Estado fez um acordo com o município admitindo que, se necessário, subsidiará o custo da passagem do monotrilho. A tarifa projetada, atualmente, é de R$ 2,50 e a prefeitura de Manaus considerava que esse valor inviabilizaria financeiramente o empreendimento.
No que diz respeito à licitação, Lima Filho ressaltou que pode recorrer ao Regime Diferenciado de Contratações (RDC) para acelerar o processo e atender o prazo combinado com o governo.
Legado. Em entrevista ao Estado, o ministro do Esporte, Orlando Silva, destacou que, na última reunião do comitê de acompanhamento, realizada no fim de maio e sob a liderança da presidente Dilma Roussef, o governo federal deixou claro que as cidades precisariam “andar mais rápido do que andaram até aqui”.
“Temos uma preocupação com mobilidade urbana, para que possamos deixar um legado para o País. Essa é uma oportunidade que as cidades têm de financiamento em boas condições de juros, prazo de pagamento. É a chance”, frisou o ministro.
Seja o primeiro a comentar