Avenidas de SP viram canteiro de obras do Metrô

As Avenidas Santo Amaro e Ibirapuera, na zona sul da capital, estão se transformando em um grande canteiro de obras do Metrô. Principais eixos da expansão da Linha 5-Lilás, as duas vias sofrerão intervenções em quase um quinto de seus quarteirões, alterando parte de suas características.


Uma caminhada pela região já revela mudanças. Lojas, agências bancárias, concessionárias de automóveis, restaurantes e até uma fábrica estão sendo demolidos para que estações, poços de ventilação e saídas de emergência sejam construídos no lugar. Foram declarados de utilidade pública no trecho de 11,4 km, entre as Estações Largo 13 e Chácara Klabin, 350 imóveis. A ampliação da Linha 5 será totalmente subterrânea.


O quarteirão onde será feita a Parada Borba Gato, perto da famosa estátua do bandeirante, já foi quase todo demolido.


Alberto Alves de Souza, de 31 anos, é ajudante em uma floricultura que funcionava ali. Segundo ele, caiu 70% o movimento na loja, que passou a funcionar em um imóvel no outro lado da rua desde a desapropriação, no ano passado. “Antes, a gente tinha um espaço maior, onde podia atender os clientes que compravam no balcão. Hoje, só por encomenda.”


Vizinho dele, o cirurgião-dentista Marcos Fernando Oliveira, de 36 anos, afirma que o preço do aluguel de seu consultório deve subir 250% no próximo reajuste, só por causa do início das obras. “Acho que eu devia ganhar um desconto pelos transtornos, como o pó.”


Sobe e desce. A urbanista Maria Lucia Refinetti, da Universidade de São Paulo (USP), explica que a tendência é que o valor dos imóveis no entorno de futuras estações de metrô suba após o anúncio da construção, mas se estabilize quando as obras começam, por causa dos transtornos. “Terminada a obra, tudo volta a fervilhar novamente.”


Nas imediações das demolições na Avenida Ibirapuera, o temor de alguns moradores é de possíveis danos estruturais. “Sou favorável ao metrô. Só tenho medo de que façam um poço igual ao da Estação Pinheiros (onde houve um desabamento com sete mortes, em 2007). Nunca se sabe se uma obra dessas pode trazer rachaduras, infiltrações”, diz o advogado Ivan Galbiati, de 51 anos, que mora há dez em uma residência nos fundos do canteiro de obras da Estação Eucaliptos. As demolições em Moema começaram no início deste mês.


Para o taxista Antonio Lopes de Sá, de 62 anos, que trabalha em um ponto próximo da Avenida Ibirapuera, a ampliação da Linha 5 vai aumentar o movimento de clientes. “Mais vale uma estação de metrô do que 20 lojas de colchão, que é o que mais tem por aqui.”


O Metrô informou que o traçado das linhas “procura seguir o leito das avenidas e ruas” e que nem todos os quarteirões das duas avenidas vão sofrer intervenções em sua maior parte. Em alguns casos, as demolições ocorrerão só em trechos pequenos das quadras.


Tatuzão. O secretário de Estado dos Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, diz que as desapropriações geralmente ocorrem em locais onde há áreas vazias ou deterioradas. “Evitamos hospitais e escolas. Isso é muito pensado”, afirmou.


Além disso, a Assessoria de Imprensa do Metrô informou que o trecho da Avenida Ibirapuera será construído com máquinas tuneladoras (os tatuzões), que minimizam reflexos da obra na superfície. As perfuradoras deverão iniciar as escavações em outubro de 2012.


O Metrô não informou, mas a extensão da Linha 5 deve ser entregue a partir de 2015.

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