A América Latina Logística (ALL) inaugura hoje a primeira etapa da ferrovia de 260 quilômetros que ligará as cidades de Alto Araguaia e Rondonópolis, em Mato Grosso. Os primeiros 120 km, até Itaqui, já estão prontos. O restante deverá ser entregue até o fim do ano – o investimento será de R$ 700 milhões. E valor equivalente deverá ser aportado por empresas atraídas pelo complexo intermodal a ser instalado em Rondonópolis.
O acesso ao ramal ferroviário – opção de transporte até 30% mais barata do que o terrestre, segundo a ALL – motivou a concentração desses investimentos em um lugar só. Segundo Eduardo Pelleissone, que assumirá a presidência da ALL a partir de 1.º de julho, trata-se de uma decisão puramente econômica dos empresários. “Em vez de transportar seus produtos por 50 ou 100 km antes de chegar à ferrovia, as companhias poderão economizar este custo”, explica.
A expectativa da ALL é de que 20 empresas se instalem em seu terminal, que ocupará área de 4 milhões de metros quadrados e será servido diretamente por trens. Entre as companhias que entraram na proposta está a trader Seara e a Nobel, do setor de etanol, que está construindo uma esmagadora de grãos e uma usina de biodiesel no local. O valor total dos investimentos desses negócios deverá chegar a R$ 700 milhões, de acordo com os cálculos da ALL.
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Entre os investimentos em expansão de malha previstos pela companhia se inclui também a duplicação do trecho de 460 km entre Itirapina e Santos (SP), com investimento de R$ 552 milhões. O executivo diz que a ALL conseguiu licença para iniciar duas partes dessa obra, incluindo a ligação de Santos a Campinas. A conclusão integral do projeto dependerá de liberações de governo, mas Pelleissone espera que partes do empreendimento estejam prontas ainda em 2012.
Ao fim desses dois projetos de expansão, o executivo diz que as forças da empresa se voltarão para os ganhos de produtividade na malha já existente. No ano passado, não houve a inauguração de nenhum trecho novo, mas a ALL conseguiu aumentar o volume transportado em seus trilhos em 8,2% – o número ficou abaixo da meta de ganhos de 10% ao ano estipulada pela companhia. Para chegar ao resultado esperado, Pelleissone explica que a empresa estuda todas as variáveis que podem afetar a entrega do produto do cliente, como a capacidade dos armazéns e a fila de exportadores nos principais portos brasileiros.
Essa otimização de custos também foi levada em conta na decisão de investir na expansão da ferrovia até Rondonópolis. Além de passar a competir em um mercado antes dominado pelos caminhões – o transporte de grãos da região até os portos -, a ALL poderá usar seus vagões para levar fertilizantes e outros insumos para a região, a partir de terminais como Santos e Paranaguá.
Holding. Apesar de “vender” a superioridade das ferrovias em relação às estradas – que são o principal meio de escoamento da produção brasileira -, a ALL está investindo também em outros segmentos, incluindo o transporte rodoviário, por meio da Ritmo Logística. “Se você tem de fazer uma entrega em dez pontos distintos ao longo de 50 km, a ferrovia não pode fazer. Os serviços são complementares”, diz o executivo, que está na ALL há 13 anos e vinha sendo preparado para assumir o comando da empresa desde julho de 2011. A holding ALL atua também na movimentação de contêineres, com a Brado Logística, e associou-se à Triunfo e à Vetorial Mineração para criar a Vétria Mineração.
O novo presidente poderá ter de lidar em breve com uma mudança importante na estrutura societária. Em fevereiro, o grupo Cosan fechou acordo para comprar 5,67% da empresa, por R$ 896,5 milhões. O negócio transforma a Cosan no maior acionista do grupo de controle da ALL, com 49% de participação. Pelleissone não quis comentar a compra, que ainda está sendo discutida pelos demais acionistas.
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